"Incapazes de assumir seus próprios erros, alguns governantes buscam transferir o ônus da crise para os mais fracos. Adotam medidas protecionistas que oneram bens e serviços exportados para países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, se mostram lenientes com os paraísos fiscais e responsabilizam imigrantes pela crise social", disse Lula.
Ao se referir aos imigrantes, um dos temas do fórum, o presidente disse que o Brasil está aberto e solidário para quem vem ao país em busca de "trabalho digno e vida melhor". Ele defendeu também o combate à xenofobia. "A comunidade internacional precisa reagir. Combater as manifestações de xenofobia e de racismo é tarefa inadiável."
Lula também voltou a pedir a reforma das instituições multilaterais internacionais. "A crise financeira que se abateu sobre todos mostrou o quão necessário será contar com organizações multilaterais vigorosas, à altura de um mundo cada vez mais diverso e multipolar. Mas constatamos grande resistência a mudanças", disse.
Irã
O presidente usou seu discurso de abertura para pedir que a comunidade internacional dialogue com o Irã. Lula disse que foi à capital iraniana Teerã, há alguns dias, junto com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, justamente para buscar " uma solução negociada" para um possível conflito que ameaça o mundo.
"O Brasil aposta no entendimento que faz calar as armas. Investe na esperança, que supera o medo. Posições inflexíveis só ajudam a confrontação e afastam a possibilidade de soluções de paz", disse Lula.
Lula ressaltou que é preciso que o mundo pratique a tolerância cultural e religiosa. Ele rejeitou a tese de um choque de civilizações.
"Precisamos renovar mentalidades. Para isso, é preciso oferecer oportunidades de crescimento econômico com justiça social. São absurdas as teses sobre uma suposta fratura de civilizações no mundo que conduziria inexoravelmente a conflitos. Essas teorias são criminosas, quando usadas como pretexto para ações bélicas ditas preventivas."
O presidente também aproveitou seu discurso para defender o desarmamento nuclear de todos os países e o direito ao uso pacífico da energia nuclear. "Defendemos um planeta livre de armas nucleares. E o pleno cumprimento, por todos os países, das determinações do Tratado de Não Proliferação. Acreditamos que a energia nuclear deve ser um instrumento para a promoção do desenvolvimento, não uma ameaça."
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