O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira governantes que buscam respostas para a crise econômica por meio da transferência do ônus para "os mais fracos". Lula participou da abertura do 3º Fórum Mundial da Aliança de Civilizações, no Museu de Arte Moderna, na cidade do Rio de Janeiro.

"Incapazes de assumir seus próprios erros, alguns governantes buscam transferir o ônus da crise para os mais fracos. Adotam medidas protecionistas que oneram bens e serviços exportados para países em desenvolvimento. Ao mesmo tempo, se mostram lenientes com os paraísos fiscais e responsabilizam imigrantes pela crise social", disse Lula.

Ao se referir aos imigrantes, um dos temas do fórum, o presidente disse que o Brasil está aberto e solidário para quem vem ao país em busca de "trabalho digno e vida melhor". Ele defendeu também o combate à xenofobia. "A comunidade internacional precisa reagir. Combater as manifestações de xenofobia e de racismo é tarefa inadiável."

Lula também voltou a pedir a reforma das instituições multilaterais internacionais. "A crise financeira que se abateu sobre todos mostrou o quão necessário será contar com organizações multilaterais vigorosas, à altura de um mundo cada vez mais diverso e multipolar. Mas constatamos grande resistência a mudanças", disse.

Irã

O presidente usou seu discurso de abertura para pedir que a comunidade internacional dialogue com o Irã. Lula disse que foi à capital iraniana Teerã, há alguns dias, junto com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, justamente para buscar " uma solução negociada" para um possível conflito que ameaça o mundo.

"O Brasil aposta no entendimento que faz calar as armas. Investe na esperança, que supera o medo. Posições inflexíveis só ajudam a confrontação e afastam a possibilidade de soluções de paz", disse Lula.

Lula ressaltou que é preciso que o mundo pratique a tolerância cultural e religiosa. Ele rejeitou a tese de um choque de civilizações.

"Precisamos renovar mentalidades. Para isso, é preciso oferecer oportunidades de crescimento econômico com justiça social. São absurdas as teses sobre uma suposta fratura de civilizações no mundo que conduziria inexoravelmente a conflitos. Essas teorias são criminosas, quando usadas como pretexto para ações bélicas ditas preventivas."

O presidente também aproveitou seu discurso para defender o desarmamento nuclear de todos os países e o direito ao uso pacífico da energia nuclear. "Defendemos um planeta livre de armas nucleares. E o pleno cumprimento, por todos os países, das determinações do Tratado de Não Proliferação. Acreditamos que a energia nuclear deve ser um instrumento para a promoção do desenvolvimento, não uma ameaça."