O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PT-SP), decidiu encerrar uma reunião entre líderes partidários porque um dos parlamentares presentes, Capitão Assumção (PSB-ES), estava tuitando a discussão sobre a votação da PEC 300, que fixa o salário de policiais militares e bombeiros.

A reunião do colégio de líderes é feita toda semana para decidir a pauta de votações, e é secreta. A imprensa não pode entrar. Tampouco é permitido gravar o conteúdo das discussões.

Segundo deputados presentes no encontro, Assumção primeiro tentou gravar em áudio, mas depois, reprimido por Temer, parou e começou a detalhar o debate em seu Twitter (http://twitter.com/capitaoassumcao). Ele negou que estivesse gravando, apesar de ter afirmado em seu microblog que foi "admoestado" pelo presidente da Câmara.

Por quase duas horas, o deputado postou mensagens como "temer, sepultando a PEC, quer criar 1 comissão", "é muita hipocrisia. por favor, me digam: estamos na democracia?" e "mas o resumo da opera é que o governo está tentando sepultar a PEC 300" são algumas das mensagens.

Os recados foram postados após o presidente da Câmara anunciar a criação de uma comissão para debater a proposta de emenda constitucional.

"Pode levar o celular, é só ter a delicadeza de não gravar. Isso é coisa de araponga", afirmou Temer. Ele disse que será avaliada a possibilidade de punição ao parlamentar.

O líder do PSDB, João Almeida (BA), também reclamou da atitude da colega. "Ele estava distorcendo e antecipando o que acontecia na reunião. Cada um deve ter sua responsabilidade."

Alvo da polêmica, Assumção afirma que tuitar é um "hábito". "Desde que percebi que ele estavam procrastinando na votação, comecei a pôr no Twitter."

O deputado afirmou não temer um processo por quebra de decoro. "Passei 25 anos da minha vida na ruas, sou capitão da PM. Vou me preocupar com isso? É uma forma democrática de expressar meu pensamento e defender minha categoria."