Para eles, na preparação para concurso público, os 90 minutos em frente à TV são proibidos
Concurseiros desistem da Copa do Mundo para estudar
Vários concurseiros, no entanto, não estão nem aí. Eles não têm tempo nem para uma espiadinha de leve na TV, daquelas com os dedos cruzados, para que a bola na trave dê mais um passo em direção ao gol. O relógio não vai parar, e eles preferem mesmo é continuar com a “cara nos livros” para garantir a tão sonhada vaga de emprego.
Um desses candidatos de plantão é Daniel Basílio, 35, engenheiro e cantor lírico. O paulistano estuda há três anos para entrar como auditor fiscal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), na área de tributos do Estado de São Paulo.
Daniel diz que, apesar de ser fanático por futebol, sua prioridade agora é a dedicação ao concurso. Por isso, as horas dos jogos do Brasil serão gastas em tempo extra com os livros. Isso porque o trabalho em sua empresa de eventos musicais irá dar uma trégua durante a Copa. A torcida será a distância, assim como tem sido a do Corinthians durante esse tempo de preparação para as provas - o concurseiro torce para o time do Parque São Jorge.
- Pretendo conseguir um esquema para me informar [sobre os jogos da Copa] igual ao que faço com os campeonatos nacionais. Tem uma rádio que envia as notícias sobre os jogos ao vivo, por mensagem de celular. Assim, fico sabendo dos gols na hora.
Lugar tranquilo para estudar
Além do “jeitinho” para se manter por dentro do campeonato, o concurseiro pretende encontrar um lugar tranquilo para estudar. Difícil ele já sabe que é, pois nada se compara com a euforia – e o barulho – da torcida brasileira em época de Copa.
Casado e pai de um garoto de cinco anos, o engenheiro optou pelo cargo público “por ter horário determinado, [algo] impossível em empresa privada”. A ideia de Daniel é conciliar a nova função com a demanda da sua empresa musical e, assim, financiar o mestrado necessário para os planos futuros.
- Eu me formei em 1999, fiz pós-graduação e comecei o mestrado na área de energia, porque quero dar aula no futuro. Mas, como estudava em universidade particular, não consegui continuar a pagar.
Rio de Janeiro
Outro que diz que precisa “correr atrás dos estudos” é o carioca Miessimo Alves, 27, sargento da Aeronáutica. Flamenguista de coração e também apaixonado por futebol, ele conta que a carreira profissional está em primeiro plano, mesmo na época da Copa.
- Eles [jogadores da seleção] já têm o deles garantido. Se ganharem a taça para o Brasil, não vai mudar a minha vida. É legal sermos o país do futebol? Sim, mas preciso ir atrás da minha formação. A gente melhora o país com educação.
Miessimo quer ser analista e estuda para o processo seletivo do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) há dois anos. Ele fez a prova em 2009, mas não contava com a mudança no conteúdo exigido, já que havia se preparado com base no edital de 2007.
- Perdi dois anos de estudo, mas tudo bem. Isso pode acontecer quando a gente se prepara sem edital aberto. Vou estudar em casa e sei que irão colocar uma TV na área coletiva do meu condomínio. Vou acabar sabendo do resultado pelo barulho, mas nada que vá me fazer mudar de ideia [de trocar os livros pel jogos da Copa]. Quero passar no concurso.
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