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Politica Brasil
Domingo - 04 de Agosto de 2013 às 22:13

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Após ver sua presença no mundo explodir durante os oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva — com a criação de 77 novos postos diplomáticos, sendo 47 deles em países que não possuíam qualquer representação oficial —, o Brasil não aprovou nenhum novo posto diplomático durante a gestão de Dilma Rousseff.


 
Entre 2003 e 2010, foram criados postos em diversos países, especialmente na África e na América Central, incluindo lugares como São Cristóvão e Névis, Coreia do Norte, Burkina Faso e Antígua e Barbuda.


 
Os 77 novos postos dão uma média de quase dez a cada ano durante o governo Lula — contra nenhum na gestão de Dilma. Os dados foram obtidos pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação.


 
Três representações estão em processo de abertura, mas os postos foram criados ainda durante o governo anterior: St. John"s (Antígua e Barbuda), Saint Georges de I"Oyapock (Guiana Francesa) e Lilongue (Maláui).


 
Esse freio na abertura de novos postos diplomáticos é mais um exemplo da tímida política externa do atual governo, dizem especialistas, o que acaba esfriando o protagonismo internacional do País.


 
De acordo com o professor Marcus Vinícius de Freitas, coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, essa postura tem levado a um desengajamento do Brasil em vários assuntos da pauta internacional.


 
— Se o Brasil quer ser um país com efetiva representatividade global, ele tem que ter uma presença em vários países do mundo. [...] O presidente Lula optou por abrir uma série de embaixadas.


 
Para a pesquisadora Natalia N. Fingermann, especialista em Cooperação Internacional Bilateral e Multilateral, não existe mais crescimento, mas apenas uma manutenção da política do governo Lula.


 
— Se você for fizer uma análise das viagens de Dilma, ela não tem exercido um papel tão central na política externa quanto Lula.


 
A especialista critica o “esquecimento” do continente africano, uma das prioridades do governo anterior e para onde Dilma viajou apenas em seu terceiro ano de mandato.


 
— Para a África ela veio três vezes, por exemplo. [...] Em muitos casos, quem vem assumindo uma posição de representação do País é o vice-presidente Michel Temer.


 
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), no entanto, a diminuição de abertura de postos não se relaciona com a mudança de governo. “A abertura de 75 postos entre 2003 e 2011 já satisfez às necessidades de melhor representação do Brasil no exterior”, disse a assessoria do ministério ao R7.


 
Gastos cresceram


 
Natália afirma que o crescimento do Itamaraty era necessário, e minimiza o aumento de custos — de R$ 231 bilhões, em 2002, para R$ 577 bilhões, em 2012 — com o Departamento do Serviço Exterior do Itamaraty.


 
— O Itamaraty ficou muitos anos sem efetivar novas contratações. Estava precisando renovar esse quadro. Essa é uma das explicações para o aumento dos recursos [...]. É importante que o Brasil amplie seu leque de oportunidade, principalmente num momento em que Europa e Estados Unidos vivem um momento de crise econômica. É bom o Brasil virar um país mais globalizado.


 
Ela ressalta, no entanto, que é importante observar como as novas embaixadas estão sendo geridas.


 
— Em muitos casos, [as novas embaixadas] ainda são muito pequenas, o custo acaba não sendo muito alto. A questão é: essas embaixadas estão gerando novos negócios para o Brasil? Estão gerando novos projetos de cooperação internacional? Como elas estão sendo geridas?


 
A efetividade das novas embaixadas só pode ser verificada com o tempo, ressaltam os especialistas. São necessários de dois a cinco anos para observar um aumento da relação comercial entre os países. Além disso, lembra Freitas, é importante verificar se o país serve como base de apoio em algumas situações, particularmente em votações internacionais.


 
— Eu não sei ao certo se a eleição do Roberto Azevedo [diplomata brasileiro eleito novo diretor da Organização Mundial de Comércio — OMC] foi resultado de parte dessa estratégia, mas é fato que, na eleição, o Brasil conseguiu um apoio dos países africanos mais efetivo do que teria no passado.


 
Além de Azevedo, o Brasil comanda a FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura), chefiada por José Graziano, ex-ministro de Lula.


 
Para o coordenador do curso de Relações Internacionais da FAAP, esses cargos representam conquistas do governo e dependem da ambição do País.
 
 
— [Ampliar a representação internacional] é um investimento do governo brasileiro, na medida em que o país quer ser um participante global. Agora, se o país se retrair nesse sentido, aí vai ser uma perda de dinheiro.




Fonte: Globo

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