A assessoria de imprensa do Ministério da Justiça informou na tarde desta terça-feira (11) que o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, vai se licenciar do cargo por 30 dias. A decisão ocorre depois de reunião com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto –a segunda em menos de 24 horas.
Tuma Júnior é suspeito de ter envolvimento com a máfia chinesa de São Paulo e de tráfico de influência, o que ele nega. Na sexta-feira, o secretário disse ao G1 que não deixaria o cargo.
O G1 tentou contato com o secretário nesta terça, mas ele ele estava em reunião com assessores em seu gabinete e não atendeu às ligações. Segundo o Ministério da Justiça, Tuma Júnior deve anunciar formalmente o afastamento ainda nesta tarde.
Reportagens do jornal “Estado de S. Paulo” revelaram gravações telefônicas e e-mails trocados entre Tuma Júnior e o suposto chefe da máfia chinesa de São Paulo, Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li. As gravações foram interceptadas pela Polícia Federal durante investigação sobre contrabando. Paulo Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal no fim do ano passado por formação de quadrilha e descaminho (contrabando). Ele está preso.
O secretário reconhece ter amizade com Li, mas nega envolvimento com irregularidades. “É lógico que ele é meu amigo. Agora, que vantagem ele tem de ser meu amigo se ele está preso? Nenhuma. Não tem nada no Código Penal que diga que ter amigo é crime. O que não pode é acobertar atividade ilícita de qualquer um. E isso eu nunca fiz”, afirmou ao G1 na semana passada.
Em outras três reportagens o jornal também revelou gravações em que Tuma Jr. apareceria tentando utilizar o cargo para conseguir liberar supostas mercadorias apreendidas, conseguir a aprovação de um genro em um concurso público e até evitar a apreensão de dólares de uma deputada estadual de São Paulo no aeroporto de Guarulhos.
Nesta segunda, o ministro Luiz Paulo Barreto anunciou ter recebido informações complementares da Polícia Feral sobre as denúncias que envolvem o secretário. Segundo nota divulgada pela assessoria do Ministério da Justiça, outras informações sobre o caso foram entregues ao ministro ainda na sexta-feira (7), quando ele estava em viagem à Argentina.
Nesta manhã, Tuma Júnior negou que o ministro Paulo Barreto tivesse pedido o seu licenciamento temporário do cargo, como forma de diminuir as pressões provocadas pelas denúncias.
Sobre a reunião que teve com o ministro no final da noite de segunda e se estendeu até o início da madrugada desta terça, Tuma Júnior disse ter conversado "sobre diversos assuntos" de trabalho. "Moralmente, ninguém vai me derrotar", disse.
‘Condenação moral’
Tuma Júnior nega ter cometido irregularidades. “Querem uma condenação moral, porque crime eu não cometi. E condenação moral não está prevista no Código Penal”, afirmou na segunda-feira.
Apesar disso, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu uma investigação preliminar para apurar a conduta de Tuma Júnior. “A comissão resolveu instaurar o que chamamos de procedimento preliminar de apuração”, disse presidente da comissão, Sepúlveda Pertence.
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