Em artigo publicado na revista científica Nature Genetics, os estudiosos da Universidade de Adelaide afirmam ter "ressuscitado" a hemoglobina autêntica dos mamutes, o que os ajudou na descoberta.
A hemoglobina é a proteína das hemácias, as células vermelhas do sangue, e transporta o oxigênio nos mamíferos. Mas sua habilidade de lançar esse oxigênio nos órgáos e tecidos é inibida a baixas temperaturas.
Segundo os cientistas, os mamutes eram dotados de uma adaptação genética que permitia que o transporte de oxigênio ocorresse mesmo no extremo frio, o que não acontece nos animais de hoje.
Mutações
Os pesquisadores sequenciaram os genes da hemoglobina a partir do DNA de três mamutes siberianos preservados no chamado permafrost (tipo de solo do Ártico), onde eles morreram há dezenas de milhares de anos.
As sequências de DNA foram convertidas em RNA (molécula semelhante que é fundamental na produção de proteínas) e, em seguida, inseridas em bactérias, que então produziram perfeitamente a proteína do mamute.
Os cientistas então testaram essa proteína e confirmaram que três mutações altamente raras na sequência da hemoglobina permitiam seu funcionamento mesmo a baixas temperaturas.
"Tem sido extraordinário trazer de volta à vida uma complexa proteína de uma espécie extinta e descobrir mutações importantes que não são encontradas em nenhuma espécie viva de hoje", disse Alan Cooper, diretor do Australian Centre for Ancient DNA, da Universidade de Adelaide, e um dos autores da pesquisa.
Sem essa adaptação genética, os mamutes perderiam mais energia no inverno e seriam obrigados a comer mais.
Os mamutes, ancestrais dos atuais elefantes, se originaram na África equatorial.
Mas entre 1,2 e 2 milhões de anos atrás, membros da linhagem dos mamutes migraram para latitudes mais altas.
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