Estudos estrangeiros divulgados esta semana reforçam posição do Estado como um dos principais devastadores
Destaque ao desmate em MT
Dois estudos internacionais divulgados esta semana reforçam o alarme sobre os danos causados pelo homem à Floresta Amazônica e, especificamente, em Mato Grosso. Juntos, os estudos sugerem que o Estado, fronteira agrícola, seja o grande responsável por elevar o Brasil à condição de país que mais desmatou sua cobertura florestal entre 2000 e 2005 – foram 165 mil km2 devastados no período, 26 mil por ano na área amazônica.
O primeiro estudo foi divulgado segunda-feira na publicação Proceedings of the National Academy Of Sciences of the United States (PNAS), apontando que, no Brasil, tem ocorrido uma ”dinâmica dramática de deflorestamento” cujo principal alvo é o bioma amazônico. Em deflorestação, o Canadá está pouco atrás do Brasil, com uma área prejudicada de 160 mil km2. Em terceiro lugar, vem a Rússia.
Após a Floresta Amazônica, a segunda região mais atingida pela ação do homem no Brasil foi a tropical seca, que teve sua cobertura florestal reduzida em 7 mil km2 por ano no período compreendido pelo estudo. A pesquisa foi baseada em dados de satélites analisados por cientistas de Dakota do Sul, Nova York e Berkeley.
Para atingir o patamar negativo no contexto mundial, o Brasil foi em grande parte impulsionado pelas atividades de pecuária e agrícolas, que já renderam ao produtor e ex-governador do Estado, Blairo Maggi, a pecha de grande desmatador.
É exatamente a relação agronegócio versus desmatamento, tão evidente em Mato Grosso, o tema de outra pesquisa publicada na revista científica Environmental Research Letters. O Estado teria contribuído com 17% da perda da floresta entre 2000 e 2004 por conta desta relação. Embora ela seja lugar-comum, os pesquisadores precisaram enxergar toda sua complexidade para concluir que a expansão das plantações de soja contribui até indiretamente no desmatamento da região.
O estudo aponta que a soja parece estar substituindo as terras devastadas, tal como os pastos para atividade pecuarista. O estudo, baseado em imagens de satélites, também encontra elementos para sustentar a hipótese de que o crescimento da soja em Mato Grosso tem tomado o lugar das áreas de pasto mais ao norte do Estado. Mas muito ainda há para estudo.
“Embora não conclusivos, nossas descobertas sugerem que o debate envolvendo os fatores do desmatamento da Amazônia não terminou”, diz o estudo, que considera a existência de causas indiretas entre a soja e o desmatamento que ainda precisam ser exploradas.
Os pesquisadores, canadenses e colombianos, apontam que fatores como tamanho das áreas e preços influenciam todo o cenário, o que outros estudos ainda devem abordar.
Ontem, o governo federal também anunciou os novos números do desmatamento acompanhados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostrando que o Estado teve uma participação de 14% na área desmatada na floresta.
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