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Internacional
Sábado - 24 de Abril de 2010 às 20:39

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As declarações feitas pelo cardeal Tarcisio Bertone, que associou a pedofilia ao homossexualismo durante visita recente ao Chile, levaram, este sábado, centenas de pessoas às ruas de cidades como Paris, Lima e Buenos Aires para declarar seu repúdio à posição do clérigo, ainda que o Vaticano tenha mantido distância destas afirmações.

Em Paris, cerca de cem pessoas se reuniram para denunciar as declarações do cardeal Bertone, número dois do Vaticano. Convocados pela Inter-LGTB (Interassociação de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), que reúne sessenta entidades, os manifestantes quiseram "denunciar as declarações escandalosas procedentes do Vaticano, visto que foi o número dois do Papa quem as fez", declarou Daniel Meyer, tesoureiro da organização, à agência de notícias France Presse.

Durante pouco mais de uma hora, os manifestantes gritaram palavras de ordem como "Vaticano, Estado homofóbico".

Em Lima, cerca de cinquenta católicos enfrentaram um grupo de homossexuais que protestava ante o Núncio Apostólico por causa das declarações do cardeal Bertone.

A manifestação, convocada pelo movimento TLGB-Peru (Transsexuais, Lésbicas, Gays e Bissexuais do Peru), que reuniu dezenas de pessoas, recebeu a imediata resposta do grupo de católicos, que formou um cordão humano em frente à sede diplomática para defendê-la de "ataques blasfêmicos" de seus "irmãos equivocados".

Os grupos ficaram duas horas em suas posições, enfrentando-se verbalmente com rezas e cânticos religiosos por um lado, e lemas anticlericais e palavras de ordem como "a pedofilia é um crime, a homossexualidade, não", pelo outro.

A tensão chegou ao clímax quando um padre que saía do núncio cruzou uma barreira policial que separava os dois grupos e encarou os homossexuais, afirmando que sua presença no local era "obra do demônio".

Os homossexuais responderam, declarando, em coro, "Encobrir um crime também é crime!", em alusão às versões segundo as quais o papa Bento 16 teria protegido, anos atrás, sacerdotes católicos acusados de abuso sexual para evitar o escândalo.

Em Buenos Aires, um cartaz com os dizeres "O abuso é um crime, a homossexualidade, não" foi instalado por um grupo de ativistas gays na porta da catedral da capital argentina.

Uma dezena de integrantes da CHA (Comunidade Homossexual Argentina) protestou em frente ao templo católico, situado diante da Praça de Maio, onde desfraldaram bandeiras com as cores do movimento gay.

"Expressemos nosso repúdio aos abusos contra meninos e meninas. Denunciemos o silêncio do Vaticano", dizia o cartaz, enquanto outro trazia a inscrição: "não sejamos cúmplices do silêncio da Igreja Católica Argentina. Acobertar é crime".

Há dez dias, durante visita ao Chile, o cardeal Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano, declarou que "muitos psicólogos, muitos psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram e me disseram recentemente que há relação entre homossexualidade e pedofilia".

O Vaticano manteve distância destas declarações.






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