PF pede quebra do sigilo bancário da mãe do vereador Totó

A Polícia Federal começa a fechar o cerco contra o vereador por Cuiabá Totó César (PRTB), acusado formalmente de se beneficiar, através da mãe, de dinheiro do Bolsa-Família por cerca de cinco anos. Após interrogar nesta terça (13) a denunciante Janete Campos dos Santos, com quem Totó teve um filho (A.C.S.S, hoje com 15 anos), o delegado federal Renato Sayão, que preside o inquérito, decidiu que pedirá à Justiça a quebra do sigilo bancário da mãe do parlamentar, a dona Francisca da Silva. Totó é acusado de usá-la para receber ilegalmente dinheiro do programa do governo federal.

Janete é evangélica, está casada e reside no Tijucal, em Cuiabá. Ela reafirmou todas as acusações sustentadas na Procuradoria da República e nas entrevistas concedidas ao RDNews. Contou ao delegado que o hoje vereador a procurou há alguns anos e pediu documentos pessoais tanto dela quanto dos seus três filhos menores na época (J. C. M, J. C. S, J. L. C e A. C. S. S.). Argumentava que seria para fazer cadastro na Agência de Habitação de Cuiabá para a família receber uma casa. Em verdade, Totó teria usado a documentação para fazer cadastro no Bolsa-Família, tendo a mãe Francisca como titular do cartão.

Janete não recebeu a prometida casa. Ela tentou fazer cadastro no programa Bolsa-Família e ficou surpresa porque o pedido foi indeferido. Mesmo assim, em 2002, chegou a sua casa um cartão do programa. Se dirigiu, então, ao Banco do Brasil para cadastrar a senha. Foi informada que o cartão estava bloqueado. Ela foi parar na secretaria de Bem-Estar Social, que coordena o programa. Na checagem, verificou que no cadastro as crianças estavam recebendo por meio de Francisca, mãe de Totó. Na prática, era Francisca quem sacava o benefício mensalmente. Janete solicitou bloqueio do cartão, já que o filho que ela teve com Totó estava nos dois cadastros.

O delegado acredita que, com a quebra do sigilo de Francisca, será possível comprovar o recebimento do dinheiro do Bolsa-Família. Se ficar constatado a atuação ilegal de Totó no caso, há risco até do parlamentar vir a ser preso. No interrogatório de Janete foi feita observação sobre sua integridade física, já que no começo, quando fez a denúncia, recebeu ameaças de morte. Sayão já conversou com o advogado de Totó sobre o assunto. Uma das preocupações é quanto ao comportamento suspeito de alguns assessores "fichas-sujas" do vereador, que têm agido de forma truculenta e ameaçado até jornalistas para o escândalo ser abafado. Algumas testemunhas serão convocadas para prestar depoimento. As investigações devem prosseguir por mais de três meses.