Depois de figurar como maior devastador da Amazônia, Estado lidera degradação do bioma
Sete cidades de MT concentram desmate
Sete municípios mato-grossenses foram responsáveis por colocar o Estado como o maior devastador do Cerrado brasileiro entre os anos de 2002 e 2008, segundo divulgou o Ministério do Meio Ambiente (MMA) num novo estudo sobre o bioma, base para o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado). Foram 17,5 mil quilômetros quadrados desmatados, a maior área prejudicada no Brasil, equivalente a 4,9% de todo o Cerrado mato-grossense.
Dos sete municípios mais prejudicados em Mato Grosso, seis são do Nortão, fronteira agrícola do Estado (principalmente do cultivo de soja), mas o grande desmatador é Paranatinga (a 373 quilômetros ao sul de Cuiabá), onde o forte econômico é a pecuária.
Segundo o MMA, foram desmatados pouco mais de 1 mil quilômetros quarados dos 16,5 mil de Cerrado que Paranatinga detém – o que o colocou na quarta posição na lista dos 20 mais prejudicados do Brasil. O primeiro colocado é o município de Formosa do Rio Preto (2 mil km2 devastados), terceiro maior produtor baiano de soja.
Após Paranatinga, todos os demais municípios de Mato Grosso na lista do MMA são do Nortão, como Brasnorte (7º), Nova Ubiratã (8º), Sapezal (10º), Nova Mutum (12º), São José do Rio Claro (13º) e Santa Rita do Trivelato (18º).
Mato Grosso e Bahia disputam, dentro do Cerrado, a colocação de maiores produtores de soja, o que tem efeitos mais que diretos na devastação do bioma. Segundo o MMA, em Mato Grosso, o cultivo da soja aumentou significativamente com o deslocamento da fronteira agrícola de sua região de cerrados centrais para o norte.
“Correlacionando a expansão da soja e o aumento do desmatamento mostra-se uma relação direta entre os dois fenômenos. Existem indícios de que a expansão do cultivo da soja direcione o desmatamento para novas regiões e, ao deslocar a pecuária, traz um efeito de desmatamento adicional. Além disso, cenários futuros apontam para um aumento da expansão da cultura em função da disponibilidade de terra e presença de infra-estrutura disponível”, diz o documento do MMA.
Além do cultivo da soja, o estudo do governo aponta outras atividades como prejudiciais à conservação do bioma, mencionando, por exemplo, a pecuária (Mato Grosso possui a maior área de pastagens e cabeças de gado, segundo o MMA). A atividade canavieira também é citada, principalmente na região da nascente do rio São Lourenço.
CONTENÇÃO – A constatação de que 49% da cobertura vegetal do Cerrado já foi destruída e a análise do desmatamento nos estados foram o primeiro passo por parte do MMA para a implementação de um plano de políticas públicas específico para o bioma – o PPCerrado. A intenção é fazer com que o programa não se limite à área ambiental.
"Pretendemos implantar monitoramento semelhante ao que ocorre na Amazônia, bem como o controle, fiscalização, repressão aos crimes ambientais, incentivos a atividades sustentáveis e criação de áreas protegidas na região", anunciou o ministro Carlos Minc. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente afirmou que ainda se pronunciará a respeito.
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