Ação contra desmatamento gera ameaças no AM
Dois deles ficaram retidos dentro de um hotel e outros na casa de um deles. Escoltados por cerca de 30 policiais militares, eles foram levados de avião para Rondônia, onde chegaram anteontem.
O protesto aconteceu depois que a equipe fechou serrarias, movelarias e aplicou multas por falta de comprovação da origem da madeira. Os fiscais realizavam a Operação Matrinxã para combater a extração ilegal de madeira da Reserva Extrativista Médio Purus e coibir a retirada de areia das margens do rio Purus para obras do governo estadual.
Ao menos 2.000 pessoas foram para as ruas protestar contra a operação. Entre os manifestantes estavam a secretária de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Nádia Ferreira, o prefeito da cidade, Gean de Campos Barros (PMDB), e o vereador Augusto Almeida (PP) --dono de uma serraria.
Segundo o ICMbio, as analistas ambientais Adriana Gomes e Branca Tressold ficaram retidas dentro da residência do órgão. Foram xingadas e ameaçadas com pedras e pedaços de paus. A mesma situação enfrentou os servidores Antônio Vieira e Bento Arruda, que estavam hospedados em um hotel.
O presidente do ICMbio, Rômulo Mello, disse que os manifestantes foram mobilizados por políticos locais. O escritório do instituto foi fechado temporariamente. "Eles constrangeram nossos técnicos, jogaram pedras nas casas deles e tivemos que retirá-los em função de não ter condições de colocar uma força grande imediatamente, mas estaremos voltando em breve para dar continuidade ao nosso trabalho", afirmou.
Sobre o envolvimento da secretária Nádia Ferreira na manifestação, Rômulo Mello disse que ela ligou tentando equacionar o problema por telefone. Exigiu que uma servidora do instituto participasse de reunião com os multados e explicasse a ação de fiscalização.
"Entendo que as autoridade públicas tenham essa responsabilidade [de salvaguardar a integridade física dos cidadãos], mas espero um relatório para tomar as providencias no campo jurídico", afirmou Mello.
A reportagem procurou a secretária Nádia Ferreira. Por meio da assessoria, ela negou envolvimento na manifestação e disse que responderia as acusações após retornar de uma viagem, o que não aconteceu até as 17h. O prefeito de Lábrea não foi encontrado. Seu chefe do gabinete, Lucimar Brito, disse que o prefeito e a secretária ficaram indignados com a ação do ICMbio. "A secretária e o prefeito se indignaram porque fecharam as madeireiras", disse. A reportagem não localizou o vereador Almeida.
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