Indústria quer reajuste para a farinha de trigo

A indústria de farinha de trigo de Mato Grosso já analisa a possibilidade de aumento no preço do produto fornecido ao mercado local. O produto é o principal componente do pão francês. A conversa começou entre os representantes de moinhos, embora ainda não haja uma definição sobre o índice de majoração da matéria-prima. Entre panificadores, a avaliação é de que o aumento seja improvável. Entre os motivos para o incremento no valor da farinha está a quebra da safra passada de trigo em estados produtores como o Paraná, motivado pelo clima

Já o aumento para 30% do Imposto de Importação de alguns produtos dos Estados Unidos, entre eles o trigo, é o motivo externo de eventual aumento. A taxação é uma retaliação do Brasil autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), diante da disputa brasileira no algodão por causa de subsídios aplicados pelos americanos à cultura. O gerente Comercial do Moinho Regio, instalado no Distrito Industrial de Cuiabá, Emerson Andreotti, confirma as preocupações de bastidores do setor. "O que apareceu esta semana é a retaliação devido ao algodão. E em função da quantidade (produção) da safra, há possibilidade de algum aumento no fim deste mês ou no início de abril".

"Mas no caso do pãozinho, não vai alterar muito para o consumidor final". Ele diz que o percentual ainda não está aberto a discussão. A empresa tem moinho no Paraná e em Goiás e é fornecedor em Mato Grosso.

Na Casa do Padeiro, a informação de provável incremento na farinha de trigo "faz sentido", segundo um representante da empresa. "Tem alteração sim no mercado. Tem a ver com a safra, a queda na produção. E está relacionado também com a alteração na aduana, no aumento do Imposto de Importação". O presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação de Mato Grosso (Sindipan), Luiz Garcia, diz que não há previsão de aumento, segundo consulta realizada por ele na terça-feira aos "vendedores de farinha de trigo". "Só aumentaremos se o vendedor de farinha disser que o trigo teve alta. O que acho pouco provável".

A farinha de trigo representa 32% do custo de produção do pão francês, informa Garcia. O dirigente informa que até 50% da farinha de trigo consumida em Mato Grosso vem da Argentina. Em Brasília, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, criticou a postura da indústria panificadora em elevar em 16% o preço do pão. Ele considera a proposta "terrorismo". Para contrapor, o ministro explicou que o preço atual do pão foi definido quando a tonelada de trigo estava em R$ 750. Atualmente, o valor está em cerca de R$ 450. O ministro sugeriu a importação pelo Brasil, do trigo da Rússia, Canadá e União Europeia, ao invés dos Estados Unidos. (Com Agência Estado)