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Cultura
Quinta - 25 de Julho de 2013 às 16:58

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Distribuído nos kits para 355 mil peregrinos inscritos na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um manual de bioética reafirma a posição da Igreja Católica contra o aborto, a adoção de crianças por casais do mesmo sexo e a reprodução assistida. O guia recebeu apoio de quase todos os jovens que participam da jornada.


 
A manual publicado em quatro idiomas condena o aborto sob qualquer circunstância e também o uso da pílula de contracepção que, segundo o documento, pode levar ao aborto indesejado de embriões, o que não é permitido. “Por que o direito da mulher de eliminar um filho prevaleceria sobre o direito de viver desse filho?”, pergunta o manual.


 
Sobre a reprodução assistida, o guia propõe a adoção de crianças por casais com dificuldade de engravidar. “As técnicas são desgastantes psicologicamente devido à intromissão do médico na sua intimidade, com interrogatórios sobre a vida íntima, fundação do ovócito, (ou seja) a transferência e inseminação da mulher pelo médico em lugar do cônjuge”, justifica a igreja.


 
Em relação à adoção de crianças por casais do mesmo sexo, o guia explica que se constitui em atitude homofóbica, pois “a procriação necessita de pai e mãe para se desenvolver”. “Embora o fato de alguém não poder ter filhos seja fonte de sofrimento, essa reivindicação dos lobbies homossexuais não é legítima. É preciso homem e mulher para gerar um filho”, afirma.


 
Outros temas tratados no manual são a eutanásia, a doação de órgãos “que só deve ser permitida por um acordo consciente e livre do doador ou da família” e a teoria de gênero. Esta linha de pensamento é questionada por acreditar que a “identidade sexual do ser humano depende do ambiente sociocultural e não do sexo” em contraposição “a natureza”- homem ou mulher.


 
O documento foi elaborado pela fundação francesa Jérôme Lejeune e aprovado pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).


 
Nas ruas da cidade do Rio, consultados sobre o guia, nove dos dez peregrinos ouvidos pela Agência Brasil defendem os preceitos do manual. Apenas uma disse que, embora seja católica, avalia que o “conservadorismo da igreja” pode significar "tapar o Sol com a peneira”.


 
“Sou católica praticante, acredito muito em Deus, mas reconheço que a igreja tem um pensamento conservador. Essa questão de ser contra métodos contraceptivos como a pílula e a camisinha é uma delas. O preservativo é importante para se prevenir da gestação indesejada e de doenças”, disse a assistente social piauiense Sandra Félix, de 26 anos.


 
Os demais, como a estudante Evielle Beatriz, de 15 anos, do Rio Grande do Norte, defende a castidade pregada pela igreja e a relação sexual apenas para fins de reprodução. “Deus fez o sexo para o casal, homem e mulher, ter seus filhos. Isso é uma grande dádiva. Por isso, acho inaceitável qualquer método, mesmo camisinha”, disse.


 
O estudante de direito Luís Fernando Barbosa, de 18 anos, que veio de São Paulo, concorda que o aborto não deve ser admitido em hipótese alguma, mesmo em caso de estupro contra a mulher, como permite a legislação brasileira. Para ele, o procedimento leva "um ser inocente à morte”.


 
Outro tema polêmico no manual, a posição contrária à adoção de crianças por casais do mesmo sexo encontra fundamento na resposta de Gabriela Oliveira, de 18 anos. “A criança vai ser privada de crescer entre pai e mãe. E vai perguntar: quem é mamãe, quem é o papai e vai ficar sem respostas. Isso pode atrapalhar o desenvolvimento saudável deste bebê”.





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