Família Vedoin vai a 200 audiências sobre Sanguessugas

O empresário Darci José Vedoin e seu filho Luiz Antônio Trevisan Vedoin já participaram de pelo menos 200 audiências em Mato Grosso entre o último ano e os primeiros meses de 2010 por envolvimento no escândalo conhecido como a "máfia das sanguessugas". O esquema de fraude em licitações na compra de ambulâncias movimentou R$ 110 milhões e era comandada pela empresa cuiabana Planam e outras ligadas à família Vedoin.

Os dois percorrem constantemente os corredores da Justiça Federal do Estado, onde são ouvidos por meio de carta precatória na condição de testemunhas no caso que resultou no indiciamento de 71 dos 141 prefeitos e ex-prefeitos do Estado e ainda na condenação de outros 10, pelo juiz da 2ª Vara Federal, Jeferson Schneider.

A rotina deverá ser a mesma neste ano para Darci e Luiz Antônio, já que informações obtidas pela reportagem do Olhar Direto dão conta de que eles participam de outras 300 ações de improbidade em todos os lugares onde as ambulâncias foram vendidas, ou seja, praticamente em todo o país. Nas ações, a União e o Ministério Público Federal (MPF) alegam que houve superfaturamento nas vendas das ambulâncias.

Darci Vedoin é acusado de ser um dos mentores do esquema da máfia das Sanguessugas e Luiz Antônio de ser um dos mandantes da máfia. Juntos, são considerados pelo MPF como os “cabeças” do esquema de corrupção que teve a participação de diversos políticos brasileiros, no desvio de dinheiro do Ministério da Saúde, que era repassado aos Estados para compra de medicamentos, equipamentos e ambulâncias.

O grupo fazia contato com as prefeituras no sentido de oferecer a entrega das ambulâncias com maior rapidez sem passar pelos trâmites normais. Caso o prefeito concordasse, a quadrilha negociava com assessores de parlamentares a apresentação de emendas individuais ao Orçamento da União para liberar o dinheiro.

Quatro anos de investigação

As investigações sobre a máfia dos sanguessugas vai completar quatro anos ficou e ficou conhecida em 4 de maio de 2006, quando a Polícia Federal deflagrou a operação contra a fraude de licitações na compra das ambulâncias em Mato Grosso e nos estados do Paraná, Amapá, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Acre e Amapá. E até o momento, a Superintendência da Polícia Federal já indiciou 458 pessoas entre parlamentares e assessores responsáveis por grande parte das fraudes.

Foram instaurados 136 inquéritos pela PF em 2006 e ainda faltam ser concluídos 8. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou no Estado 285 pessoas. A assessoria de imprensa do órgão informou que um novo relatório está sendo elaborado com o número de denunciados atualizado e deverá ser concluso brevemente.

Esquema

Segundo a denúncia formulada pelo procurador Mário Lúcio Avelar, a máfia agia por etapas, sendo que a primeira se refere a elaboração das emendas parlamentares para a aquisição da ambulâncias pela Planam. Em seguida, os acusados faziam os projetos para serem apresentados as Prefeituras Municipais de diversos estados e firmados os convênios. Dessa forma, o esquema, considerado bem montado, consistia na liberação dessa verba que acaba sendo distribuído entre os próprios parlamentares e membros das comissões de licitações.

A defesa da família Vedoin e da empresa Planam alega que não houve superfaturamento e que as ambulâncias estariam dentro do preço de mercado. Os advogados partem do princípio de que em algumas ações, a própria Advocacia Geral da União (AGU) afirma que não houve superfaturamento pela existência de inquérito arquivado contra eles.

Condenados

Aristóteles Gomes Leal Neto
Bento José de Alencar
Cíntia Cristina Medeiros
Lara de Araújo Amorim
Manoel Vilela de Medeiros
Maria Estela da Silva
Neuremy Aparecida Medeiros da Silva Miranda
Roberto Arruda de Miranda
Tereza Norma Rolim Félix
Washington da Costa e Silva

21 ex-prefeitos de MT denunciados:

Antônio Cândido da Paixão (São José do Povo)
Onésimo Prati (Campo Verde)
Francelino Pedro da Silva Filho (Guiratinga)
Nélson Dias de Moraes (Pedra Preta)
Ismael Alves dos Santos (Planalto da Serra)
Marcelo Araújo Alonso (Nova Maringá)
Lutero Siqueira da Silva (Guarantã do Norte)
Olídio Pedro Bortolas (Santa Carmem)
Giovane Marcheto (Marcelândia)
Luiz Cândido de Oliveira (Terra Nova do Norte)
Valdizete Martins Nogueira (Jaciara)
Denir Perin (Querência)
Divino Marciano da Silva (Jauru)
Lourival Carrasco (Mirassol D"Oeste)
Roberto Carlos Barbosa (Glória D"Oeste)
Ezequiel Ângelo Fonseca (Reserva do Cabaçal)
José Miguel (Rio Branco)
Nelci Capitani (Colniza)
Jesur José Cassol (Campo Novo do Parecis)
Antônio Debastiani (Feliz Natal)
Reinaldo Tirloni (Tapurah – falecido)