De 41,6 Km2 em outubro, Mato Grosso teve apenas 8,33 Km2 de área de floresta devastada um mês depois, surpreendendo
Desmatamento tem queda de quase 80% em Mato Grosso
O desmatamento na Floresta Amazônica em Mato Grosso apresentou queda de 79,97% em novembro do ano passado, se comparado com outubro. Os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam ainda a tendência de decréscimo do desflorestamento no Estado no comparativo com 2008.
Este ano, os satélites do Inpe registraram 8,33 quilômetros quadrados (km2) de desmate durante o mês de novembro, contra 41,6 km2 em outubro. A queda de quase 80% na devastação da floresta também é percebida na análise de novembro de 2009 comparado ao mesmo mês em 2008. Enquanto ano retrasado foram destruídos 40,65 km2 da selva, em 2009 o número não chegou a dois dígitos e representou uma redução de 79,5%.
Levando-se em consideração o período entre agosto e novembro de 2009, o desmate no bioma amazônico na área mato-grossense atingiu 289,4 km2. No mesmo período de 2008, os registros apontaram 718 km2 destruídos pela ação de desmatadores. Queda também expressiva de 59,69% de um ano para o outro.
Nos 12 meses compreendidos de dezembro de 2008 a novembro de 2009, o Inpe registrou 998,81 km2 desmatados no Estado. O líder do ranking de devastação é o Pará, que nos meses foi o responsável pela destruição de 1.607 km2 dos 3.281 km2 derrubados na Amazônia.
O secretário-adjunto de Qualidade Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Salatiel Araújo, afirma que a redução pode representar um novo recorde para o Estado nos próximos cinco meses.
“Esses dados nos surpreenderam, estão abaixo do que esperávamos. Se continuar nesse ritmo, nós vamos ter um novo recorde até julho. Calculando a média, até lá teremos 694 km2 desmatados, contra 1.047 km2 registrados no último período, quase 50% a menos”, falou Salatiel.
O secretário-adjunto atribuiu às políticas públicas a queda nos índices de desmate. “Mato Grosso voltou a crescer, então não se pode dizer que o avanço se deu em virtude de uma variável econômica. Os índices pluviométricos também nunca tiveram influência na redução do desmatamento da floresta, não se pode dizer que as chuvas ocasionaram a redução”, avaliou.
O ambientalista da ONG Instituto Centro de Vida (ICV), Sérgio Guimarães, discorda de Salatiel e afirmou que a queda no desmate é também reflexo da estagnação da pecuária. “As ações de fiscalização dos governos estadual e federal tiveram desempenho importante para a redução do desmatamento. Contudo, somado a isso há a questão da pecuária e de que muitos frigoríficos já não adquirem gado criado em área desmatada”, analisou.
Apesar dos dados positivos, Guimarães frisa que 41 km2 ainda é uma faixa muito extensa de terra para ser desmatada em um único mês. “Temos que alcançar o desmatamento ilegal zero, porque hoje 85% dele ainda é ilegal. Para isso precisamos de uma política de responsabilização dos infratores mais eficaz, que multe e que os faça pagar a multa. Senão, fica só no papel”, disse.
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