Parlamentares de Mato Grosso afirmam que a comissão criada para investigar ligações entre governo e MST pode definhar no ano eleitoral
Bancada pessimista com a CPMI para investigar o MST
Embora já tenha recebido mais de 70 requerimentos, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do MST, criada para apurar irregularidades em convênios entre o governo federal e entidades ligadas ao Movimento dos Sem Terra, corre o risco de definhar antes mesmo de produzir os primeiros efeitos desejados pela sociedade. A CPMI, da qual fazem parte os senadores mato-grossenses Gilberto Goellner (DEM) e Serys Marly (PT), além do deputado federal Homero Pereira (PR), dá início aos trabalhos no próximo dia 3 de fevereiro, a quatro meses antes do início da campanha eleitoral. Além do curto tempo para apurar as denúncias, a Comissão é composta por 14 parlamentares de partidos que dão sustentação ao governo e dez ruralistas de oposição, o que deve acirrar o embate ideológico conforme se aproximam as eleições gerais. Os dois principais cargos (presidência e relatoria) estão nas mãos dos governistas.
"É um ano difícil de fazer uma CPI, pela proximidade das eleições, quando as divergências ficam mais evidentes e o clima fica mais esquentado entre a situação e a bancada ruralista", opinou a senadora Serys Marly.
Para ela, o ano eleitoral vai prejudicar o andamento dos trabalhos. "A gente vai ficar assoberbado a partir de 1º de julho, quando começa a campanha. Eu não sei se ela vai paralisar os trabalhos, ou se vai encerrar. Mas durante os três meses de campanha é impossível funcionar uma CPI""
O senador Gilberto Goellner, membro da bancada ruralista, concorda com a senadora Serys, mas ressalta que vai lutar para trazer a público os "crimes cometidos pelo MST e os desvios de recursos no governo federal para abastecer o movimento com dinheiro público".
Decreto - - A primeira providência do senador Gilberto Goellner, no dia 3 de fevereiro, será levar para discussão na CPI do MST o decreto assinado pelo presidente Lula no dia 21 de dezembro, que trata do Programa Nacional dos Direitos Humanos.
Segundo Goellner, o decreto traz embutido nos anexos texto que contraria os direitos garantidos pelo Artigo 5º da Constituição Federal, e tira do Poder Judiciário a prerrogativa de decidir questões relativas a invasões de terra. "Esse decreto é uma aberração, ele incentiva o MST a cometer mais crimes, a não respeitar a propriedade privada", destacou.
O senador vai visitar o Ministério Público Federal para colher documentos e informações, a fim de subsidiar os colegas da bancada ruralista. "O Ministério Público tem dezenas de denúncias. Vou levar tudo para a CPI, vamos investigar e mostrar tudo isso para a opinião pública".
De acordo com Goellner, a tropa de choque do governo Lula vai tentar prejudicar as investigações da CPI do MST, assim como aconteceu com a CPI da Petrobrás e outras comissões que foram instaladas para investigar o governo federal. "O governo Lula não quer passar Brasília a limpo".
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