Índios xavantes e caiapós se agridem dentro da Funai

O que, a princípio, era classificado como uma manifestação pacífica virou, na manhã de ontem, conflito. E o pior: entre eles mesmos. Representantes de caiapós e xavantes brigaram em frente à Fundação Nacional do Índio (Funai) em Brasília, depois que membros do primeiro grupo tentaram reabrir a instituição. “O presidente (da Funai) Márcio Meira recebeu os caiapós e combinou de fazer uma portaria para abrir uma coordenação regional na terra deles. Eles vieram para o prédio da Funai com um servidor para assinar o documento, mas nós não quisemos deixá-los entrar”, explicou o cacique Arnaldo Xavante.

A intervenção acabou em agressão. E alguns índios precisaram ser atendidos no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). “O problema já foi solucionado. Os caiapós entenderam que nós precisamos lutar pelo mesmo ideal”, completou.

Desde a última segunda-feira, índios de mais de 15 etnias estão em Brasília manifestando contra decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria acabado com administrações e postos regionais da Funai. Eles querem um encontro com o presidente para pedir a revogação da decisão. “Hoje (ontem) fomos recebidos pelo assessor da Secretaria Nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência, Manoel Messias, que anotou nossas reivindicações e vai marcar a reunião”, contou Jeremias Xavante.

Também no Hospital de Base do DF, um xavante de 22 anos que ficou ferido em um grave acidente na DF-158, em Mato Grosso, em 5 de janeiro, morreu ontem. Membro da aldeia São Felipe, no município de Campinápolis (MT), Tarcísio Tserenho era um dos 17 índios que voltavam de Água Boa (MT), onde teriam ido sacar um benefício do governo, quando a caminhonete em que estavam invadiu a pista contrária e colidiu com um ônibus. Eles se encontravam na caçamba do veículo. Nove pessoas morreram no local.