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Ciência/Pesquisa
Segunda - 11 de Janeiro de 2010 às 03:47
Por: Alexandre Gonçalves

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Muita gente já viu um amigo de ascendência asiática ficar vermelho depois de tomar cerveja. O rubor é causado por uma enzima inativa no fígado. O que poucas pessoas sabem é que, além do efeito cromático, o consumo de álcool por quem possui a mutação aumenta cem vezes o risco de câncer do esôfago.

Diante do problema, o NIH - agência americana de sáude - resolveu investir um bom dinheiro para descobrir alguma substância capaz de reativar a enzima ALDH2. Ontem, a revista científica Nature Structural and Molecular Biology publicou um artigo para descrever a estrutura do composto tão esperado, batizado de Alda-1.

Kenneth Warren, do NIH, afirma que a agência continuará apoiando pesquisas para levar a descoberta das bancadas do laboratório às estantes das farmácias.

"Terá um grande impacto na saúde pública", afirma Warren. Cerca de um bilhão de pessoas no mundo têm a forma inativa da ALDH2. A maioria vive no leste asiático onde 40% da população possui a enzima defeituosa.

METABOLISMO

Depois de ingerido, o álcool desce ao intestino, de onde passa para o sangue. Chega a quase todos os tecidos do corpo e, por fim, é filtrado no fígado. O órgão transforma-o em acetaldeído e, depois, em ácido acético (mais informações nesta página).

As duas etapas devem ocorrer rapidamente, pois o acúmulo de acetaldeído pode ocasionar vários problemas. Além de rubor e mal-estar, a substância causa danos ao material genético das células, levando ao aparecimento de tumores. Ela também já foi associada a doenças neurodegenerativas.

Ao se transformar em ácido acético, o acetaldeído torna-se inofensivo. A ALDH2 coordena este processo. Nas pessoas com a enzima inativa, esta conversão ocorre de forma muito lenta, o que gera acúmulo do acetaldeído e a consequente intoxicação.

A molécula recém-descoberta Alda-1 liga-se à estrutura da ALDH2 inativa e repara seu funcionamento. A enzima torna-se capaz, novamente, de converter o acetaldeído cancerígeno no inócuo ácido acético.

A descoberta foi feita por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Stanford, coordenados por Daria Mochly-Rosen. Para Thomas D. Hurley, da Universidade Indiana, responsável pelo detalhamento das reações químicas, o conhecimento adquirido trará benefícios para a compreensão - e eventual reparo - de outros processos biológicos que envolvem o acetaldeído.

RUBOR ASIÁTICO

Quando a enzima ALDH2 está inativa - algo relativamente comum entre asiáticos -, beber álcool pode causar intoxicação por acetaldeído

Os principais sintomas são rubor facial, náusea, dor de cabeça, taquicardia e mal-estar generalizado

A substância também aumenta o risco de câncer do esôfago - cerca de cem vezes -, doenças neurodegenerativas - como Alzheimer ou Parkinson - e morbidade decorrente de enfarte do miocárdio.





Fonte: Estadão

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