Pesquisa utilizou ratos expostos 1 a 2 horas por dia durante 7 a 9 meses. Exposição reduziu acúmulo de proteína beta-amilóide, indicador da doença.
Celular pode ajudar a combater Alzheimer, diz estudo
As pessoas que gastam horas todos os dias no telefone celular podem ter uma nova desculpa para tagarelar. Um novo estudo feito com ratos dá a primeira evidência de que a exposição às ondas eletromagnéticas associadas ao uso do aparelho podem proteger da doença de Alzheimer e até mesmo reverter seu desenvolvimento.
O estudo, conduzido por pesquisadores do Florida Alzheimer"s Disease Research Center (ADRC), da Universidade do Sul da Flórida, foi publicado nesta quarta-feira (6) no “Journal of Alzheimer"s Disease”.
“Ficamos surpresos ao concluir que a exposição ao telefone celular, iniciada cedo na idade adulta, protege a memória de ratos destinados a desenvolver o mal de Alzheimer”, afirmou Gary Arendash, autor da pesquisa. “Foi ainda mais surpreendente verificar que as ondas eletromagnéticas geradas pelos aparelhos celulares reverteram as debilidades na memória de ratos mais velhos com a doença.”
Os pesquisadores mostraram que a exposição de ratos mais velhos às ondas eletromagnéticas reduziu o acúmulo danoso da proteína beta-amilóide em áreas do cérebro, além de prevenir o acúmulo em ratos jovens.
As placas formadas pelo acúmulo anormal da proteína são as marcas da doença. Muitos dos tratamentos contra Alzheimer são focados nessa proteína.
No estudo, os cientistas conseguiram isolar os efeitos para o cérebro da exposição ao telefone celular de outros fatores, como a dieta e exercícios. Foram analisados 96 ratos, muitos deles geneticamente modificados para desenvolver o acúmulo de placas de beta-amilóide.
Alguns dos ratos não tinham nenhum tipo de demência e não passaram por alterações genéticas para o desenvolvimento da doença. Dessa forma, os pesquisadores puderam analisar os efeitos das ondas eletromagnéticas em cérebros normais.
Exposição
Cada animal dos dois grupos de cobaias foram expostos a um campo eletromagnético equivalente ao gerado por um telefone celular padrão durante uma a duas horas por dia, por um período de sete a nove meses.
As gaiolas em que os ratos estavam foram dispostas ao redor de uma antena que emitia ondas eletromagnéticas de intensidade semelhante a gerada por um aparelho colado à cabeça de um usuário durante uma ligação. Cada um deles permaneceu a mesma distância da antena.
A partir dos resultados, os pesquisadores concluíram que a exposição ao campo magnético pode ser uma forma não invasiva e livre de medicamentos de prevenção e tratamento do Alzheimer.
“Se conseguirmos determinar os melhores parâmetros de exposição para efetivamente prevenir o depósito e remover as placas de beta-amilóide, essa tecnologia pode se transformar rapidamente em benefício contra o mal de Alzheimer”, disse Chuanhai Cao, pesquisador da Universidade do Sul da Flórida e também um dos autores do estudo.
O teste de memória aplicado para avaliar os efeitos da exposição ao telefone celular em ratos foi desenvolvido de forma semelhante ao usado para determinar a presença da doença e seus primeiros sinais em humanos.
“Acreditamos que nossas conclusões podem ter considerável relevância para o organismo humano”, disse Arendash.
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