Produção de soja vai crescer 20% num período de 10 anos
A produção de soja em Mato Grosso deve crescer até 20% em um intervalo de 10 anos. Na safra 2009/2010, estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é que o Estado colha 18 milhões de toneladas. Para 2020, a perspectiva é que o volume produzido chegue a 21,6 milhões de toneladas, um acréscimo de 3,6 milhões t. A projeção do incremento da produção da oleaginosa mato-grossense é do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, ao afirmar que a demanda por esse grão tende ter forte elevação na próxima década.
Com relação à utilização do produto, ele explica que não será somente para alimentação humana e ração animal, mas também uma série de outros produtos, que vão desde adesivos, combustível, lubrificantes, entre outros, já produzidos no país e sobre os quais poucas pessoas têm conhecimento. Na avaliação do líder da Aprosoja, a demanda por alimentos crescerá significativamente nos próximos anos, e o Brasil, em especial Mato Grosso, tem as melhores chances para ser o pólo produtor, já que possui áreas degradadas e que podem ser utilizadas para a produção do grão.
"No contexto mundial de crescimento da soja, Mato Grosso é o principal ator, pois tem solo, clima e áreas já abertas disponíveis para isso, em relação aos demais produtores do mundo, como Argentina e Estados Unidos. E o Estado vai ter de aproveitar essa oportunidade, o que vai depender de empenho tanto do produtor quanto do governo e sociedade", diz ao complementar que o crescimento na produção estadual vai ter consequências positivas, já que esse movimento vai atrair investimentos, como indústrias de beneficiamento, frigoríficos e outros, o que vai gerar emprego e renda.
Silveira complementa que o maior obstáculo da associação é fazer com que a população e instituições de pesquisa percebam o quanto a soja é importante e que o Estado poderá ser um dos maiores produtores, sustentáveis, do planeta. "Em 10 anos vamos aumentar a produção. E vai ser feito a partir do aumento da produtividade, e aproveitando as áreas abertas e não utilizadas no Estado. Para que a produção seja alcançada, será necessário esforço de todos. O produtor terá de investir em tecnologia, fazer integração lavoura-pecuária. E o governo ajudará atraindo mais investimentos para o Estado e abrindo mercados para a exportação do grão".
Para se ter uma noção da importância da produção de soja para a economia estadual, o presidente da Aprosoja revela que 80% do volume produzido no Estado é exportado, seja em grão, farelo ou óleo. O mais importante, na opinião dele é que o consumo interno aumente, já que demandará contratação de mão-de-obra e melhorará a renda e a qualidade de vida das pessoas que vivem nas cidades produtoras, uma vez que o produto beneficiado tem um valor agregado maior que o vendido in natura.
Destino da produção - Do total produzido em Mato Grosso na safra 2008/2009, de cerca de 18 milhões de toneladas, 8,8 milhões foram exportadas na forma de grão. Outras 8,4 milhões t foram destinadas à indústria de beneficiamento, em que 6,6 milhões de toneladas foram transformadas em farelo e outras 1,6 milhão t foram transformadas em óleo. Do farelo produzido, 3,4 milhões t foram enviadas ao mercado externo, assim como 44 mil t de óleo que saíram do país. O consumo doméstico (brasileiro) do farelo e óleo de soja somou 3,2 milhões t e 900 mil t, respectivamente.
Dados da Aprosoja revelam que da quantidade exportada em grão, a China figura como o maior importador da soja mato-grossense, com 5,356 milhões de toneladas em 2009, o que correspondeu a um faturamento de US$ 2,103 bilhões. Em segundo lugar aparece a Espanha com 904,322 mil toneladas e vendas no valor de US$ 338,332 milhões. Já quando o assunto é farelo de soja, os maiores importadores, na ordem, são Holanda, Tailândia, França, Indonésia, Arábia Saudita e outros. O mais importante cliente do óleo produzido em Mato Grosso é a Argélia, seguido da China, Índia, Bangladesh, Venezuela, Espanha, entre outros.
O presidente da Aprosoja, Glauber Silveira observa, que o desempenho da China ao demandar a soja estadual vem crescendo nos últimos anos tomando espaço do grão importado pela União Europeia, que já foi um dos maiores mercados do produto estadual, e cuja importação vem perdendo força. Para se ter uma ideia dessa evolução, ele diz que em 1990, a China importava 4% da soja mato-grossense e que em 2006 esse percentual saltou para 28%. Enquanto isso, a UE reduziu a demanda. Em 1990 eram 68% de participação, número que caiu para 46% em 2007.
Transformação da soja - "Muitas pessoas não sabem que a soja está presente na carne bovina, suína e de aves", comenta o sojicultor Glauber Silveira, presidente da Aprosoja. Dados elaborados pela associação, a partir de números do Sindirações, apontam que no Brasil, o consumo interno de soja está associado à produção de carne. Tanto que uma famosa frase no meio rural diz: "a soja como proteína vegetal é transformada em proteína animal".
Para esclarecer essa afirmação, os dados apontam que 58% da quantidade de soja consumida no país vai para a avicultura, outros 27% são destinados à suinocultura e 11% aos bovinos. Para ter uma noção ainda melhor da importância da soja na produção de carnes, estudos apontam que, para a produção de 1 kg de carne de frango são necessários 630 gramas de farelo de soja e 1,74 kg de milho. Esses 630 gramas de farelo de soja representam 810 gramas do produto em grão. E para produzir 1 kg de carne de suíno é necessário 1,2 kg de farelo de soja.
Informadas as proporções de soja e milho em 1 kg de carne, o presidente da Aprosoja explica que mais que aumentar a produção de soja no Estado, será necessário também o incremento na produção de milho, que tem uma participação ainda maior na transformação da proteína vegetal em animal. "A carne suína é uma das mais consumidas no mundo e o Brasil e Mato Grosso não podem perder essa oportunidade de mercado, produzindo mais soja e milho", diz ao projetar que mais indústrias de beneficiamento, granjas e frigoríficos virão para o Estado.
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