Ótimo ou péssimo Ideologia conduz a análise, omitindo feitos negativos e exaltando positivos

Na última pesquisa de opinião deste fim de 2024, aproximadamente um terço da população afirmou que o governo Lula é ótimo/ bom, outro terço o classifica como ruim/péssimo e os demais dizem que é regular.

Se entrevistarmos um entusiasta do governo, ele dirá, por exemplo, que a taxa de desemprego nunca esteve tão baixa e que não falta ocupação para qualquer um que queira trabalhar.

Entretanto, ouvindo a opinião de um adversário do PT, por certo ele lembrará que a Taxa Selic, que já esteve a 2% em passado recente, hoje passa de 12% e com viés de alta.

Ainda, os 30% que acham o governo ótimo dirão que o PIB para este ano já está acima do esperado e com possibilidade de ser revisto para cima, mostrando - para eles - que o governo está no rumo certo.

Se entrevistarmos um entusiasta do governo, ele dirá, por exemplo, que a taxa de desemprego nunca esteve tão baixa

Mas os que classificaram o governo atual como péssimo, dirão que a inflação está saindo de controle e que o preço dos alimentos, principalmente da carne, subiu muito além dos salários.

Outros eleitores ouvidos - se estão entre os 30% que odeiam o Lula - indignados, afirmarão que o dólar que estava valendo menos de cinco reais no final do ano passado agora passa de seis. Mas, um terceiro (do grupo que endeusa o Presidente) que ouviu esta afirmação dirá que dólar é coisa de rico e o que conta mesmo é a retirada do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais por mês.

Enfim, o lado ideológico de cada um conduz a análise, omitindo os feitos negativos dos governantes e enfatizando os atos benéficos.

Outras pesquisas têm mostrado que a população brasileira está mais ou menos dividida em três terços numericamente parecidos: trinta e poucos por cento são fiéis ao bolsonarismo; outros tantos estão com o Lula e o restante divididos entre demais possíveis candidatos.

Os “súditos” não se importam com os princípios morais seus ídolos: os adeptos do Lula se mantiveram constantes quando ele foi preso em 2018. Naquela ocasião, mesmo a Nação inteira acompanhando a operação Lava Jato e as confissões dos empreiteiros que lesaram o País com a conivência do governo da ocasião (PT) o prestígio e apoio ao Lula se mantiveram.

Da mesma forma, agora que o Bolsonaro está indiciado (ainda não é réu) em diversos tipos de crimes comuns e outros contra a nação, seu apoio costumeiro (1/3 da população) permanece constante.

Terminado este segundo ano do governo Lula, seria possível afirmar que até aqui foi bom ou ruim? A dívida pública cresceu e continua aumentando; o dólar disparou; o déficit público está ruim e piorando e os juros (Selic) estão altíssimos. Entretanto o desemprego caiu e se mantém muito baixo, o PIB melhorou e diminuiu o número de pobres no Brasil.

Dos danos e ganhos acima, escolha os que lhe parecem representar melhor o governo atual, de acordo com seu próprio viés de confirmação – tendência cognitiva presente em todos nós.

Ou, mudando as palavras: a empresa pode parecer sólida ou à beira da falência; dependendo da conclusão de quem faz a auditoria.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor