<b>PSDB articula lançar chapa Serra-Aécio à Presidência</b>
A decisão do governador Aécio Neves (PSDB-MG) de retirar a sua pré-candidatura à Presidência da República fez ganhar força dentro do PSDB a tese da chapa puro sangue nas eleições de 2010. A chapa seria encabeçada pelo governador José Serra (PSDB-SP) e teria Aécio na disputa pela vice-presidência.
Interlocutores do partido afirmam que o episódio do mensalão do DEM no Distrito Federal enfraqueceu a possibilidade dos democratas indicarem o vice para a chapa de Serra, o que abre caminho para a candidatura Serra-Aécio.
O governador do DF, José Roberto Arruda (ex-DEM), era cotado para disputar a vice-presidência na chapa do PSDB. Depois do escândalo do mensalão, Arruda acabou desfiliado do partido --o que acendeu o sinal de alerta entre os tucanos. No DEM, parlamentares reconhecem que a chapa Serra-Aécio tem chances de sair vitoriosa nas urnas, por isso deveria ter o apoio da legenda.
"Se [Aécio] ele concordar em ser candidato a vice, pela minha opinião, meu partido deveria concordar com a candidatura de Aécio. É decisão que compete a ele. Na medida que decidir compor chapa com Serra, as chances da oposição seriam exponenciais", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).
Apesar de Aécio declarar oficialmente sua disposição de disputar o Senado em 2010, nos bastidores o tucano teria sinalizado que aceita discutir a criação da chapa puro sangue. Em caso de vitória, interlocutores do PSDB afirmam que o partido lhe daria em troca maiores poderes na vice-presidência da República, com o controle de parte do primeiro escalão do governo.
Integrantes do PSDB também afirmam que a presença de Aécio na chapa de Serra teria um caráter "agregador" dentro do partido, levando o carisma do governador de Minas à disputa presidencial.
"O gesto do governador Aécio revelou duas coisas: uma enorme capacidade de agregação e a percepção de como ele é querido no meio político. Ele reconheceu que há uma tendência nas urnas para o Serra, num espaço de uma chapa que abriga os dois", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Articulação
O líder disse que a capacidade de articulação política do governo deve ser usada na campanha presidencial de Serra. "Ele pensou que estava na hora de dar liberdade ao partido. Mas ao mesmo tempo, ele tem poder de saída nas pesquisas, o que faz dele um parceiro privilegiado", afirmou Virgílio.
Na opinião do tucano, a chapa puro sangue "faria de Aécio o vice, e de Serra o novo presidente da República".
O líder, que conversou com o governador de Minas por telefone antes dele anunciar sua decisão, disse que Aécio não estava disposto a competir com Serra dentro do partido em prol da sua candidatura.
"Ele me disse uma frase importante: que só não vale a gente perder essa eleição. Por isso, disse que o seu gesto deixa o caminho livre para o Serra."
Apesar de lamentar a saída de Aécio, Agripino disse que o governador de Minas deve se engajar na campanha de Serra à Presidência. "Lamenta-se que tenha desistido? Evidente que sim. Mas temos certeza que a confluência entre ele e Serra, assim como entre os democratas e tucanos, vai fazer com que o escolhido tenha todas as chances de ganhar a eleição", afirmou.
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