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Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sexta - 11 de Dezembro de 2009 às 04:01

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Pressionado pelas denúncias de corrupção, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, anunciou nesta quinta-feira sua desfiliação do DEM. Ele é suspeito de participar de um suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa do DF.

No pronunciamento feito à tarde para comunicar sua decisão, Arruda atribuiu as acusações de participação em um suposto esquema de mensalão no DF à disputa política de 2010. Como líder nas primeiras pesquisas de intenções de voto à reeleição, o governador disse que seus adversários políticos decidiram montar um "triste espetáculo de cenas e imagens montadas com óbvias motivações políticas".

O governador deixou o partido um dia antes da reunião da Executiva do DEM, que decidiria amanhã a sua expulsão. A reunião foi cancelada, e o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), sugeriu que o partido deverá preservar o vice-governador Paulo Octávio (DEM). Segundo ele, a situação do vice será avaliada de forma diferente porque não aparece tem diálogo nem vídeo em que apareça recebendo dinheiro.

Segundo o deputado, o partido vai analisar "cada coisa em seu tempo", num sinal de que Paulo Octávio não deve ser alvo de nenhum procedimento interno.

Pronunciamento

Arruda fez o pronunciamento, de cerca de cinco minutos, ao lado do vice e da mulher, Flávia Peres Arruda. O democrata classificou de "armadilha"as acusações do seu envolvimento no suposto mensalão do DEM por ter contrariado "interesses pessoais, políticos e empresariais" que estariam se voltando atualmente contra os seus aliados.

"Fatos ocorridos há mais de três anos, ainda no governo anterior, f oram embaralhados para incutir na opinião pública a impressão de que tudo se passa no tempo presente", disse Arruda em referência às imagens que aparece supostamente recebendo dinheiro do esquema de corrupção.

O governo insistiu que as imagens foram realizadas durante a campanha eleitoral de 2006, período em que ainda não estava no governo do DF. Arruda disse que, ao se desfiliar do DEM, terá como prioridade finalizar o seu governo para a conclusão do seu trabalho.

"Tenho, neste momento, a chance de começar por uma completa apuração dos fatos e pela missão de governar Brasília desinteressado de qualquer tipo de resultado eleitoral", afirmou.

O governador listou uma série de ações feitas durante os seus três anos de governo. Arruda disse que Brasília "voltou para o caminho do crescimento organizado", por isso não pode "permitir que essas conquistas sejam postas a perder, que a administração pública seja paralisada e a população do DF seja prejudicada."

Arruda disse que tem a "responsabilidade e o dever" de preparar Brasília para a Copa de 2014, assim como para as comemoração dos 50 anos da capital federal em 2010. O democrata disse que, além de não disputar as eleições de 2010, está disposto a desistir da vida pública se não houver mudanças nas regras eleitorais do país.

"Quero dedicar-me inteiramente à tarefa de cumprir, como governador, todos os compromissos e metas assumidos no programa de governo. Como cidadão, vou lutar pela mudança definitiva de certos usos e costumes da política brasileira. Com as atuais regras eleitorais, não disputarei mais nenhuma eleição."

Constrangimento

Arruda disse que a sua decisão de deixar o DEM poupa os colegas de partido de "constrangimentos" no que diz respeito à sua expulsão. O governador disse que o seu gesto também evita o "constrangimento de uma discussão judicial de mérito para permanecer na legenda".

"Evito ainda o constrangimento dos meus amigos que lamentam o surgimento de tão graves suspeições porque reconhecem os resultados de uma gestão que está construindo uma Brasília melhor."

Arruda disse que, afastado do DEM, vai dedicar-se às questões administrativas do governo, "livre" para fazer suas opções. "Sem o clima emocional que marca este momento, quero me dedicar inteiramente a trabalhar por Brasília, defender a minha honra e o mandato de governador que me foi outorgado pela vontade popular."

Carta

Antes de oficializar publicamente sua saída do DEM, Arruda enviou uma carta à Executiva Nacional justificando o pedido de desligamento.

Na carta, Arruda diz que esse foi o "melhor caminho para preservar minha honra e meu governo, colocados em xeque por um triste espetáculo montado com óbvias motivações político-eleitorais".

O governador ainda conclama os ex-companheiros de partido a fazer uma "mudança profunda na legislação eleitoral, com uma reforma política que evite os fatos que se repetem sucessivamente, causando justa repugnância nos cidadãos brasileiros".

Caso o governador não pedisse seu desligamento, o partido votaria amanhã de manhã sua desfiliação. O resultado da votação seria favorável ao seu desligamento. "Estamos encerrando esse caso hoje, talvez o mais grave da história do nosso partido", disse Rodrigo Maia.

O partido agora quer se organizar para refazer sua imagem e preparar o terreno para as eleições de 2010. O partido não confirmou se lançará candidato ao governo do DF nem se um nome provável seria o de Paulo Octávio.





Fonte: Folha Online

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