Arruda anuncia desfiliação do Democratas
Apontado pela Polícia Federal como integrante de um esquema de corrupção no Distrito Federal, o governador José Roberto Arruda anunciou nesta quinta-feira que está se desfiliando do Democratas.
Em um pronunciamento na tarde desta quinta-feira, Arruda disse que, com sua decisão, "evita o constrangimento de colegas de partido e de amigos".
“Quero agora me dedicar às questões administrativas do governo, sem o clima emocional que marca esse momento. Quero me dedicar a trabalhar por Brasília e defender a minha honra e defender o mandato de governador, que me foi dado pelo povo”, disse.
Com essa decisão, Arruda evita passar pelo processo de expulsão, que era dado como certo entre os líderes do DEM. A reunião da Executiva estava marcada para amanhã.
TSE
Os advogados do governador chegaram a entrar com um mandado de segurança no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pedindo a suspensão de uma eventual expulsão de Arruda, com o argumento de que o DEM não ofereceu tempo suficiente para a defesa do governador.
O pedido, no entanto, foi negado nesta quinta-feira pelo TSE. Poucas horas depois, Arruda anunciava sua desfiliação do partido.
Com a desfiliação, Arruda está impossibilitado de disputar as eleições no ano que vem, já que não há mais tempo suficiente para filiar-se a outro partido.
Essa não é a primeira vez que Arruda se desfilia de um partido para escapar da expulsão.
Em 2001, o então senador deixou o PSDB após ter admitido a violação do painel eletrônico do Senado durante a votação que cassaria o então senador Luís Estevão. No mesmo ano, filiou-se ao PFL (antigo nome do DEM).
Impeachment
Mesmo sem partido, Arruda segue à frente da administração do Distrito Federal. O governador, porém, enfrenta 11 pedidos de impeachment – sendo que três já foram aceitos pela Procuradoria da Câmara Legislativa.
Para ser votado, no entanto, o pedido precisa ser analisado por comissões da Casa. Em uma delas, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), os aliados do governador são maioria.
Já o vice-governador, Paulo Octávio – também citado no inquérito da Polícia Federal como beneficiário do esquema de corrupção –, não enfrenta pedidos de impeachment.
A Procuradoria da Câmara Legislativa do DF negou os pedido protocolados até o momento, com o argumento de que a lei não prevê impeachment para vice-governadores.
Crise
A crise também vem afetando os partidos. Desde que a Polícia Federal deflagrou a operação Caixa de Pandora, revelando um suposto esquema de corrupção em Brasília, o DEM passou a enfrentar uma séria crise política.
Lideranças do partido chegaram a pedir a expulsão sumária de Arruda, como forma de atenuar o impacto negativo do escândalo sobre toda a legenda.
Existe ainda a preocupação de que a crise possa prejudicar a aliança do DEM com o PSDB nas eleições presidenciais do ano que vem. Em entrevista à BBC Brasil, o presidente do DEM, Rodrigo Maia, reclamou da “falta de solidariedade” do PSDB na crise do DF.
Segundo o inquérito da PF, há indícios de crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, peculato, fraude em licitação e crime eleitoral.
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