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Meio Ambiente
Terça - 08 de Dezembro de 2009 às 18:19

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O impacto do asteroide que encerrou a era dos dinossauros, há 65 milhões de anos, não incinerou a vida da superfície do nosso planeta --apenas a torrou, segundo sugere um novo estudo. O trabalho resolve questões incômodas sobre a teoria do impacto que causou incêndios mortais ao redor do mundo, mas também levanta novas questões sobre o que levou à extinção em massa no final do período Cretáceo.

O culpado pela extinção dos dinossauros e a maioria das demais espécies do planeta é um asteroide de 10 km de diâmetro. Modelos computadorizados prévios mostraram que mais da metade dos destroços lançados no espaço pelo impacto cairiam na atmosfera em um período de oito horas.

Os modelos vaticinaram que a chuva de detritos causados pelo impacto irradiaria um calor de intensidade equivalente a 260ºC, por no mínimo 20 minutos, até talvez duas horas. O aquecimento intenso seria suficiente para queimar florestas, causando incêndios que se espalhariam rapidamente no planeta.

No entanto, algumas espécies sobreviveram, e as camadas dos impactos de entulhos do asteroide não contêm tanta fuligem de queima de florestas quanto o esperado, aumentando os questionamentos sobre a extensão dos incêndios pós-impacto.

Para explicar a discrepância, Tamara Goldin, da Universidade de Viena, e Jay Melosh, da Universidade Purdue, em Indiana, estudaram como a queda da matéria ejetada na atmosfera pode afetar a transferência de calor do topo da atmosfera para o solo. Modelos anteriores consideraram apenas como os gases da atmosfera absorveriam o calor.

O estudo demonstrou que os primeiros escombros de asteroide que reingressaram na atmosfera apenas alguns minutos após o impacto ajudaram a proteger a superfície dos outros detritos que se sucederam. "A matéria ejetada foi ficando no caminho da radiação térmica [na atmosfera] e protegendo a Terra", disse Goldin à New Scientist.

Queimando o céu

Como resultado, a superfície sentiu o calor celeste por apenas alguns minutos. Como mais partículas caíam, elas bloquearam sucessivamente o calor de cima, impedindo que as florestas do mundo queimassem. "Com uma curta vibração [de intenso calor], é realmente difícil iniciar incêndios" longe do local do impacto, observa Goldin.

A vida na superfície teria sido assada --mas não ardida como uma batata frita. Animais que foram capazes de se refugiar no subsolo ou na água estavam mais propensos a sobreviver a um curto período de intenso calor, explicando por que nem toda a vida foi aniquilada.

"Agora, temos modelos e dados que correspondem", diz Claire Belcher, da University College, em Dublin, que não está envolvida no trabalho.

Mudança climática

Wendy Wolbach, da DePaul University em Chicago, que em 1985 propôs o final dos Cretáceos como sendo proveniente de incêndios globais, concorda. O efeito de blindagem de calor "faz sentido", afirmou ela.

Sem os incêndios globais, outros mecanismos são necessários para explicar a extinção em massa, diz Belcher. Eles incluem a ideia de que o pó na atmosfera cortou a luz solar, em um "impacto de inverno" que se estendeu por anos antes de emissões lançadas depois do impacto terem causado um aquecimento global.

A chuva ácida seguindo o impacto pode ter tido, também um papel na extinção, assim como um potencial estresse no clima global, a partir de erupções vulcânicas maciças ocorridas há 65 milhões de anos, no depósito vulcânico de Deccan, na Índia.





Fonte: New Scientist

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