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Economia
Domingo - 14 de Julho de 2013 às 15:21

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Na cozinha do bar e restaurante Paribar, na zona central de São Paulo, o filé mignon deve dar mais espaço no cardápio a outros tipos de carnes, bem como às massas, produzidas na própria casa.


 
A mudança do cardápio, prevista para os próximos meses, será acompanhada de redução de preços, garante o chef e proprietário Luiz Campiglia, "sem perder a qualidade dos ingredientes".


 
"Com a troca (dos tipos de carne), não podemos cobrar a mesma coisa, mas pelo menos obtemos uma margem melhor", diz Campiglia.


 
Outros donos de restaurantes têm buscado estratégias para enfrentar um dos piores momentos para o setor nos últimos anos. No primeiro semestre, o faturamento de bares e restaurantes caiu 10%.


 
A retração se seguiu à escalada da inflação neste ano, principalmente a dos alimentos e bebidas, que fez subir os custos de operação e diminuiu a renda disponível dos consumidores.


 
Nas grandes cidades, arrastões, a lei seca e até as manifestações de junho ajudaram a espantar os clientes.


 
As medidas adotadas para reagir ao cenário incluem redução de preços do cardápio, negociações mais duras com fornecedores e diminuição da margens de lucro.


 
Na rede de comida francesa Le Vin, houve redução de preços de parte do cardápio em fevereiro. O arroz de pato passou de R$ 68 para R$ 58, uma queda de 15%. O valor das saladas caiu até 20%.


 
Para Francisco Barroso, dono da cadeia de 12 restaurantes no Rio, São Paulo e Brasília, o custo da mão de obra e dos aluguéis foram os principais motivos da queda de 8% da receita da operação paulista no semestre.


 
No Rio, diz ele, onde foram abertas duas unidades este ano, houve aumento de 12% do faturamento no período. "Suspendemos investimentos programados para São Paulo este ano", afirma.


 
ALUGUEL


 
Segundo a Associação Nacional dos Restaurantes (ANR), de 2008 a 2012 o custo dos estabelecimentos com condomínio e aluguéis cresceu 90,9%.


 
A alta reflete a explosão no preço dos imóveis nas principais capitais do país nesse período -o contrato dos bares e restaurantes costuma ser de quatro ou cinco anos.


 
De acordo com Joaquim Almeida, presidente da Abrasel-SP (associação de bares e restaurantes), com margens menores e pressionados pela inflação, alguns estabelecimentos já planejam demissões. O setor emprega 6 milhões de pessoas no país, segundo as entidades.


 
Almeida diz que o setor seguirá pressionado. Neste mês, ocorre o dissídio dos funcionários da categoria, um custo que deverá ser repassado para os preços em outubro, estima ele.


 
Paulo Kress, sócio dos restaurantes Kaa, Italy e General Prime Burger na capital paulista, entre outros, diz que não houve crescimento de receita esse ano.


 
O panorama fez o empresário reavaliar os investimentos. "Percebemos que os clientes estão indo para os restaurantes mais baratos do grupo. Vamos focar a expansão com as marcas com tíquete médio um pouco menor."


 
Neste ano, o grupo inaugurou o restaurante Mozza, com tíquete médio de R$ 60.


 
Segundo a ANR, a rentabilidade do setor, que historicamente girou entre 14% e 12%, hoje é de 8% a 9%.


 
FUTURO


 
Para Cristiano Melles, presidente da ANR, a crise momentânea pode acelerar mudanças no modelo de negócios adotado pelos restaurantes no país.


 
"Os estabelecimentos precisam rediscutir o serviço, talvez diminuindo o número de garçons, e buscar produtividade, com equipamentos mais modernos na cozinha. Não há outro caminho", diz ele.


 
Outra tendência que pode aumentar a eficiência dos empreendimentos é a de consolidação, segundo Melles. "As pequenas e médias empresas, que representam 90% do setor, têm pouco força de negociação junto aos fornecedores."





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