Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sábado - 21 de Novembro de 2009 às 14:49
Por: Kleber Lima*

    Imprimir


O governador Blairo Maggi disse no último sábado, em Pontes e Lacerda, que ficou surpreso com sua inclusão na lista das 67 personalidades mais influentes do mundo, em pesquisa elaborada e publicada pela revista americana Forbes, uma das mais importantes do seguimento de economia do planeta. Eu também fiquei. E creio que até o blairista mais apaixonado não esperaria tanto.

Blairo Maggi assumiu o governo do Estado em 2003 com a promessa de quebrar paradigmas. Principalmente na área de gestão, focando na eficácia, ou seja, no aspecto gerencial da coisa. Na área política sinalizava com iniciativas das quais não tinha muita convicção, e que acabou tendo de abdicar em nome da governabilidade. Já na área do meio ambiente, sempre teve a consciência que residia ali seu maior desconforto por ser, ao mesmo tempo, líder político e produtivo.

Eu me lembro de uma discussão informal que tivemos, junto do saudoso Cloves Vettorato, logo após Maggi responder a um jornalista de São Paulo, por telefone, que era a favor dos transgênicos, até que houvesse prova de que os alimentos geneticamente modificados causassem algum mal ao ser humano. Disse a ele que aquela era a lógica do produtor. A lógica do governador deveria ser inversa: contra até se provar que não faria mal.

A transgenia, contudo, nunca chegou a ser um problema para a imagem de Blairo Maggi, como não pegou também o argumento de que ele governava para si ou apenas para seu grupo econômico. O que pegou mesmo foi o marketing muito bem arquitetado pelo Greenpeace, que, numa enquete via internet com pouco mais de 27 mil votos (universo infinitamente insignificante em matéria de internet) elegeu Blairo como “a personalidade brasileira que mais contribuiu para a destruição da Amazônia” (Blairo ganhou o posto de Lula por míseros 3.034 votos). Como prêmio Blairo Maggi ganhou a “motosserra de ouro”, que grudou em sua pele como tatuagem.

Os principais motivos foram os altos índices de desmatamento e queimadas em Mato Grosso. O que, a rigor, não foram um fenômeno iniciado por Blairo Maggi tampouco agravado por seu governo.

O “motosserra de ouro” é de 2005, e sua repercussão durou de forma mais aguda nas eleições de 2006, quando houve inclusive o movimento “O Grito do Ipiranga”, iniciado por produtores de Lucas do Rio Verde e BR 163, que logo ganhou o agronegócio do país todo.

O momento em que ocorreu o “Grito do Ipiranga” talvez tenha sido o mais delicado de toda a experiência política de Blairo, porque ali, sobretudo quando declarou apoio à reeleição de Lula no segundo turno, ele perdeu o apoio da sua base social, que era o agronegócio não apenas mato-grossense como brasileiro.

De certa forma, essa ranhura na imagem do governador, tanto com o público em geral como o os produtores, durou até agora há pouco. A inclusão de Blairo na lista da Forbes, somada à redução do desmatamento no Estado da ordem de 68% entre 2008 e 2009 certamente o redimem e viram esta página de Maggi como inimigo da floresta. Ainda não se pode tratá-lo como um santo ecologista, mas com certeza deixou de ser o demônio devastador.

Entre esses momentos houve aquela autocrítica que o governador fez após a entrada de Carlos Minc no Ministério do Meio Ambiente e a elaboração do MT Legal, aproveitando iniciativa do deputado Otaviano Pivetta. Fora as inúmeras viagens para participar de debates com os ambientalistas pelo Brasil e pelo mundo afora. Com o corpo-a-corpo, Blairo descobriu que nem todo ambientalista é um porra-louca, e os ambientalistas aprenderam que há produtor interessado na sustentabilidade. Daí surgiu aquela autocrítica do governador do “o mundo mudou e eu também mudei”.

Gostando ou odiando Blairo Maggi, é preciso reconhecer que ele conseguiu dar uma virada fundamental na sua visão sobre a questão do meio ambiente, o que está refletindo positivamente não apenas na sua imagem como político ou individuo, mas na imagem do agronegócio como um todo. E como um Estado altamente dependente do agronegócio, todos temos o que comemorar com essa mudança.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/150574/visualizar/