CNJ adia recurso de 10 magistrados acusados de desvio
Após demora para incluir na pauta de julgamentos, recurso é retirado sem qualquer explicação; sociedade aguarda solução
A "briga" começou em 2008, na gestão do ex-presidente do Tribunal de Justiça Paulo Lessa, quando o então corregedor-geral, desembargador Orlando Perri, denunciou a existência de fortes indícios de desvio de recursos e de materiais na construção do Fórum de Cuiabá, além de favorecimento em licitação e tráfico de influência envolvendo magistrados na gestão de Ferreira Leite.
A denúncia de Perri aconteceu após o recebimento de um relatório que apontava escândalo envolvendo dez magistrados sob acusação de terem recebido vantagens salariais indevidas no período em que Ferreira Leite foi presidente do TJ. O ex-presidente chegou a tentar invalidar a auditoria, alegando ilegalidade na contratação da empresa, mas foi derrotado no Tribunal de Contas, no Ministério Público e na própria Justiça Estadual. O desvio chegaria a R$ 1,07 milhão.
O relatório apontava a suposta criação pela loja maçônica Grande Oriente do Estado de uma cooperativa de crédito, após se associar a outra, seguindo orientação do Banco Central. Muitos maçons se associaram e fizeram investimentos na Sicoob Pantanal. Os magistrados maçons tentaram resolver a situação e não só emprestaram dinheiro para a maçonaria, como incentivaram colegas a fazer o mesmo. Ferreira Leite ocupava o cargo de grão-mestre na entidade maçônica.
Conforme o relatório de auditoria, o desembargador Ferreira Leite recebeu três parcelas, sendo uma de R$ 22,1 mil, outra de R$ 291,3 mil e, a última, de R$ 23,2 mil. O juiz Irênio foi contemplado com 4 parcelas (R$ 61,7 mil; R$ 65,5 mil; R$ 5 mil e R$ 18,2 mil). Marcos Aurélio teria se beneficiado com 2 parcelas (R$ 139,3 mil e R$ 15,7 mil). Antonio Horácio obteve 2, uma de R$ 28 mil e outra de R$ 54,7 mil. Já Marcelo Souza de Barros recebeu uma única parcela de R$ 237,3 mil. (Flávia Borges)
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