Serra busca financiamento para "vitrines" nas eleições 2010
Só no ano que vem, o governo Serra será contemplado com R$ 1,3 bilhão para compra de novos trens do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Outros R$ 600 milhões serão desembolsados para pavimentação de estradas vicinais.
A capacidade de investimento é apontado como um trunfo de Serra para a disputa presidencial. "Colocamos São Paulo para andar", já discursou Serra, repetindo que, nos governos Mario Covas (1995-2001) e Geraldo Alckmin (2001-2006), o Estado foi posto de pé.
Mas Serra só terá inaugurado parcela das obras financiadas, caso se afaste em março do ano que vem para concorrer à disputa presidencial. Dentro do partido, o embate está entre ele e o governador Aécio Neves (MG). Se não concorrer ao Planalto, apesar de até o momento liderar as pesquisas de intenção de votos, Serra poderá ser candidato à reeleição ao governo de São Paulo.
Uma parte expressiva dos 22 empréstimos obtidos no governo Serra ficará para o sucessor --ou para ele mesmo, caso dispute e seja reeleito governador. Segundo estimativa do próprio governo, quase a metade --41,39%-- dos R$ 11,6 bilhões negociados só chegará aos cofres do Estado a partir de 2011. Ou seja: R$ 4,8 bilhões serão gastos na próxima gestão que administrará São Paulo.
Cumprido o cronograma, a gestão Serra entregará 28 novas estações de Metrô. Mesmo com financiamento já prometido para as obras, outras 35 ficarão para o próximo mandato. De 2010 para 2014, segundo o governo, a rede de Metrô passará de 240 para 380 quilômetros --um incremento de 58%.
O sucessor de Serra não herdará apenas obras em andamento --comum no processo político--, mas até a assinatura de empréstimos que negociou.
Dos R$ 11,5 bilhões acertados pela atual administração, ao menos R$ 1,7 bilhão só deverá ser contratado a partir de 2011. Em ano eleitoral, os empréstimos com agentes de fomento só podem ser assinados até junho (seis meses antes do fim dos mandatos). E pelo menos seis deles estão com previsão de assinatura a partir de março do ano que vem. Qualquer atraso impõe risco ao cronograma.
Segundo balanço do Estado, o processo de negociação de empréstimo externo consome, em média, dois anos, podendo chegar a três. Até a assinatura, o pedido passa por uma maratona burocrática que envolve até nove diferentes órgãos.
Fora o atraso natural de um processo que consome em média dois anos, um ingrediente político pode contribuir para adiamentos: todos dependem de autorização do Senado, que, em 2010, deverá estar em ritmo mais lento, devido ao fato de os senadores também estarem envolvidos nas eleições.
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