Ministro Juca Ferreira diz que Brasil vive "apartheid cultural"
O ministro da Cultura, Juca Ferreira, disse hoje que o Brasil vive uma situação "dramática", similar a um "apartheid cultural", e pediu maior apoio financeiro para facilitar o acesso do povo a cinemas, teatros, museus e literatura.
"Nenhum produto cultural chega a 20% da população. Menos de 10% dos brasileiros já entraram em um museu, só 13% vão ao cinema, 17% compram livros e 92% dos municípios não têm nem cinema nem teatro", afirmou Juca Ferreira no programa de rádio "Bom Dia Ministro".
Para o ministro, a cultura em geral é "inacessível para a maioria dos brasileiros" e é preciso um projeto legislativo, que está em trâmite no Congresso, para financiar o consumo das atividades culturais.
"Não poderíamos continuar financiando só a produção sem financiar o consumo (...) A média de despesa em cultura da maioria dos brasileiros não chega a R$ 40 por ano", comentou.
O projeto prevê a criação de um vale mensal de R$ 50 que seria dado aos trabalhadores e que poderia ser trocado em livrarias, lojas de discos, cinemas, teatros e museus.
O funcionamento seria parecido ao vale-refeição que a maioria das empresas dá a seus empregados para que possam comer no horário de trabalho.
Segundo ele, se o projeto for aprovado, o Governo financiará cerca de 70% do vale, o trabalhador fornecerá 10% e a empresa deverá assumir o resto.
Juca Ferreira ressaltou que o chamado vale-cultura repercutirá na qualidade de vida dos trabalhadores e disse confiar que o Congresso o aprove antes do fim do ano.
"Espero que no Natal possamos dar este presente aos trabalhadores (...) porque a cultura é uma necessidade básica como a comida. Não se pode pensar no ser humano sem cultura", concluiu.
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