A história se repete
Quando escrevi na semana sobre a possibilidade de o deputado Percival Muniz (PPS) ser rifado da CPI da Saúde, fi-lo tomando tal hipótese apenas como possibilidade. Jamais poderia crer que, de fato, a violência política chegasse a tanto, ainda mais fazendo vítima alguém que foi tão imprescindível ao atual governo. Se o pari-gato tivesse partido da prefeitura, seria mais lógico. Mas, a truculência partiu mesmo do Palácio Paiaguás - o que também não chega a ser surpreendente, sendo o responsável pela articulação política do governo quem é: um milico sem o mínimo talento para a função.
O fato se revela ainda mais curioso na medida que o palacinho, o Alencastro, também não teria deglutido nem um pouco a iniciativa da CPI. Por esta razão, forçoso reconhecer que, em que pese a briga surda e burra entre palacinho e palação*, a convergência de ambos em reprovar a iniciativa dá a Percival Muniz a indiscutível chancela da isenção política no caso. E isso torna a violência política cometida contra ele ainda mais abominável.
Já vi esse filme. Em 1997 a Assembléia Legislativa criou a CPI da Sanemat. O autor do requerimento foi o então deputado Emanuel Pinheiro, na época filiado ao PFL. Para proteger um contraparente** seu à ocasião, o também deputado Roberto Nunes (PSDB) articulou com a mesa diretora para impedir que Pinheiro assumisse a presidência. Algumas semanas depois, apesar do farto material que tinha à sua disposição, Nunes troçou com a cara da opinião pública e arquivou a CPI.
Professor de direito, Emanuel Pinheiro não conseguiu argumento jurídico capaz de convencer a mesa diretora de que o Regimento Interno garantia – como ainda garante até hoje - ao autor do requerimento a presidência das CPIs.
E o que esperar de uma CPI presidida pelo deputado Sérgio Ricardo, que tem base eleitoral em Cuiabá, foi adversário de Wilson Santos nas eleições de 2004 e é do mesmo partido do governador?
Tomara que a escrita seja quebrada, e Sérgio Ricardo consiga fazer a Assembléia Legislativa redimir-se e redimir também o Governo pela presepada da ‘Casa Civil’, fazendo com que o interesse público volte a reinar na CPI da Saúde. E, mais: tomara que a CPI consiga não apenas encontrar culpados, mas sobretudo apontar caminhos para a solução de problemas tão básicos e tão graves como os vividos pelas populações de Cuiabá e Várzea Grande.
(*) Não encontrei aumentativo para o substantivo ‘Palácio’. Se alguém souber, por favor me envie.
(**) O contraparente vem a ser Gilson de Oliveira, pai do atual vereador em exercício de Cuiabá, Marcus Fabrício. Já Emanuel Pinheiro atualmente é secretário-geral do PR. Certamente, se consultado, não teria aprovado essa violência que já o fez vítima.
(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br
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