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Meio Ambiente
Quinta - 15 de Outubro de 2009 às 17:11

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Um projeto anunciado como "modelo" de redução de emissões por desmatamento e degradação de florestas (Redd, na sigla em inglês) na Bolívia teve a sua eficácia duramente questionada por um estudo divulgado pelo Greenpeace nesta quinta-feira.

O Projeto de Ação Climática Noel Kempff foi financiado pelas empresas americanas American Electric Power, BP America e PacifiCorp, que em 12 anos injetaram mais de US$ 10 milhões na criação de uma área de proteção florestal no nordeste da Bolívia.

As empresas compraram áreas de madeireiras, e o governo criou o Parque Nacional Noel Kempff Mercado. Os créditos pelas emissões evitadas foram divididos entre as empresas (51%) e o governo (49%).

Inicialmente, de acordo com o relatório do Greenpeace, os cálculos indicavam que a iniciativa evitaria a emissão de 55 milhões de toneladas de CO2 em 30 anos, no entanto, um auditor externo reduziu o número para 5,8 milhões.

As empresas do projeto de Redd boliviano, entretanto, afirmaram ao Departamento de Energia americano ter poupado 7,4 milhões de toneladas de CO2.

'Vazamento'

A empresa que realizou a auditoria, a SGS, era a maior empresa do mundo especializada em verificar sistemas de créditos de carbono, mas foi suspensa pela ONU em setembro por não verificar projetos satisfatoriamente.

A conclusão, segundo o Greenpeace, é que iniciativas de Redd como o Projeto de Ação Climática Noel Kempff "provavelmente não iriam gerar reduções de emissões quantificáveis e podem até resultar em um aumento total nas emissões de gases do efeito estufa", já que empresas poluidoras poderiam comprar créditos que não levam a reduções enquanto continuariam poluindo.

Para evitar isso, o Greenpeace sugere que projetos como o boliviano sejam sempre atrelados a metas nacionais de redução de emissões.

Os ambientalistas apontam ainda outros supostos "fracassos" do projeto, como "vazamentos" de emissões – ou seja, desmatamentos supostamente evitados que simplesmente teriam sido deslocados para fora da área do parque.

Nos relatórios enviados às Nações Unidas e ao governo americano, o "vazamento" foi estimado em cerca de 15%.

"No entanto, o Greenpeace encontrou documentos estimando e projetando o vazamento de até 42% a 60%", diz o relatório intitulado "Armação do Carbono: O Projeto de Ação Climática Noel Kempff e a Pressão por Compensações Florestais Subnacionais".

Além disso, a ONG diz que em entrevistas com a comunidade local, descobriu que o projeto não teria beneficiado a região como deveria.

Para projetos Redd darem certo, na avaliação do Greenpeace, todos os países deveriam assumir o compromisso de acabar com o desmatamento no mundo até 2020.

Os ambientalistas sugerem a criação de um fundo que arrecade US$ 40 bilhões por ano para investimentos na proteção de florestas.





Fonte: BBC Brasil

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