Pavimentação da malha viária coloca Campo Novo do Parecis numa posição privilegiada
Sair da condição de um município, de certa forma, isolado para se tornar um entroncamento rodoviário, um importante eixo da região. Essa é a realidade de Campo Novo do Parecis (396 km a Noroeste de Cuiabá), na rodovia MT-170, localizado logo após Tangará da Serra. A transformação ocorreu após o asfaltamento das MT-170 e MT-235 (conhecida como ligação Leste-Oeste). O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, fará a inauguração das duas obras nos dias 23 e 24 de outubro.
Campo Novo é atravessado pela rodovia estadual MT-170, que foi asfaltada até Juína e tem previsão de chegar até ao município de Castanheira (779 Km de Cuiabá). E agora também é cortado pela rodovia MT-235, que faz o elo entre Sapezal (480 Km) com Campo Novo e continua até se encontrar com a MT-010 em Diamantino para chegar a Nova Mutum, já no eixo da BR-163, a ligação Norte-Sul do Estado de Mato Grosso.
Portanto, liga as cidades da região Noroeste ao Norte do Estado, e promove ainda a aproximação com os portos, benefício para o escoamento da produção. De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) já aumentou em 30% o volume de tráfego de veículos vindos da BR-163 (Norte do Estado). Ou seja, os usuários já utilizam a combinação da rota BR-163 até Nova Mutum e de lá para a MT-010 e Campo Novo para chegar ao Estado de Rondônia.
“Essas estradas pavimentadas representam tudo. Para o segmento econômico foi integração com todos os cantos do Estado e do país. Quando nós viemos morar aqui só tínhamos uma estrada, nos últimos sete anos houve a grande revolução na infraestrutura do nosso município. Além de termos a MT 170, fazendo a ligação Norte/Sul asfaltada, realizou também o grande sonho que era a ligação Leste/Oeste", salientou o produtor rural e ex-prefeito, Sérgio Stefanelo.
Stefanelo conta que para fazer contratos de exportação nos meses de janeiro, fevereiro e março era inviável, pois não sabia se seria possível cumprí-los, por conta da logística. "Com o asfaltamento e a certeza de trafegabilidade pode-se fechar contratos de exportação a qualquer tempo com tranquilidade", disse o produtor.
“No passado nós tínhamos dificuldade de acessar os portos do Sul, pois estávamos há mais de 2 mil quilômetros. Era um isolamento em função de não termos as rodovias asfaltadas, e hoje elas estão chegando”, destaca o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Diogo Dutra.
Mas as melhorias não se tratam somente do escoamento da produção. Como o governador Blairo Maggi sempre reforça as rodovias não servem somente para transportar grãos (o que obviamente é uma atividade de extrema importância para o país), o asfalto permite que as pessoas se relacionem, tenham qualidade de vida, saúde, conforto e lazer.
O cabeleireiro Erondi Machado, 40 anos, mora há 13 em Campo Novo dos parecis. Ele sempre visita a família em Alta Floresta e comemora a melhoria na infraestrutura. Erondi explica que antes quando queria ver os pais, levar seus dois filhos para contato com os parentes enfrentava uma difícil maratona de 500 km, o que gastava por volta de seis horas (quando tudo transcorria sem contratempos) até a BR 163. Com a pavimentação da MT-235 sentido MT-010/Diamantino/BR 163/Nova Mutum, é possível chegar em menos de duas horas, para daí pegar o ônibus para Alta Floresta. "Melhorou muito, agora a gente anima até em sair daqui passar um fim de semana, um feriado, antes tinha que ter coragem para enfrentar essa estrada", disse Erondi.
A obra da rodovia MT-235 com sentido à MT-010 e consequentemente a Nova Mutum, ainda não será inaugurada, está adiantada mas a previsão de conclusão é 2010. Faltam menos de 30 km, por isso a população de Campo Novo utiliza e comemora a facilidade de acesso ao Norte de Mato Grosso.
PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO
Campo Novo vive a expectativa de atrair novos empreendimentos, deixou de ser apenas um dos grandes produtores de grãos e é considerado destaque na produção de milho de pipoca e girassol, além da cana-de-açúcar. Uma das oito fábricas da Yoki está em Campo Novo dos Parecis. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Diogo Dutra, Campo Novo é o maior produtor de milho de pipoca do país.
“Por conta da perspectiva de crescimento muitas empresas estão aportando aqui, muitas pessoas de outros estados estão vindo pra cá. Isso é desenvolvimento com qualidade de vida. Hoje para chegarmos à capital do Estado temos duas estradas asfaltadas, a partir dessa ligação nós teremos um 'boom' de crescimento e essa região vai ser um grande pólo”, comentou o secretário.
Sérgio Stefanelo acredita que agora o município poderá se agroindustrializar, o que é um desejo antigo dos moradores. O desenvolvimento na região é visível e a população comemora a implantação de um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifet), antigo Cefet.
O município registrou um aumento de 320 alunos matriculados na rede pública, o que significa aproximadamente 1.500 novos moradores só em 2009, conforme análise do secretário Diogo Dutra. O aumento da população é percebido também pelo pequeno empresário, José Rodrigues dos Santos. Há 19 anos em Campo Novo, José Rodrigues tem um salão de beleza e festeja o aumento no movimento. "Com o asfalto, a vinda de empresas e gente pra cá, já melhorou muito e eu acredito que é só o começo, vai desenvolver muito aqui tá louco", comenta.
FORAM 21 ANOS DE ESPERA
A satisfação é geral. Em Campo Novo dos Parecis, sulistas que desembarcaram na região há 30 anos, falam emocionados da realização de um sonho. Nair Tomazelli veio de Chapecó (SC), ela e o filho Rildo Tomazelli são proprietários do primeiro hotel da cidade. Fotos na parede comprovam as dificuldades enfrentadas. Além de comemorar o desenvolvimento econômico, Nair faz um depoimento emotivo e considera o asfalto e as mudanças que vieram com ele intervenção divina. “É uma emoção, foi uma benção de Deus de nós podermos estar aqui nesse lugar que com certeza se tornou um polo, sonho que a gente sempre acreditou, mas as dificuldades foram tantas que a gente até fica assim parado, não acredita no que está vendo. Foi uma coisa muito boa”, declara a empresária que se prepara para ampliar o negócio da família.
Dona Pelágia e seo Eduardo Andzeywski chegaram na cidade em 1982, vindos do Rio Grande do Sul, sorridentes falam da chegada do asfalto e o progresso que vem junto. Ela comenta que antes para sair da cidade era muito difícil, se chovia não andava, os carros atolavam. Reclama da sujeira que a poeira provocava na casa, pois o casal mora às margens da rodovia.”Esse asfalto foi uma maravilha para nós. Aqui vai virar um polo educacional, eu vejo faculdades se instalando aqui para atender as cidades ao redor e isso significa que os filhos dos moradores não vão precisar deixar suas famílias”, diz dona Pelágia.
Comentários