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Politica Brasil
Quinta - 15 de Outubro de 2009 às 00:08
Por: Kleber Lima*

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A estupidez acertou a trave da turma da botina e coligados desde que Mauro Mendes trocou o PR pelo PSB. Atordoados, republicanos e peemedebistas fecharam os olhos e começaram a dar chutões, rifando a bola, e, dessa maneira, arriscando-se mais a dar caneladas – e falta na área é pênalti! – ou fazer gols contra do que propriamente afastar o perigo.

É mais ou menos dessa forma que se vê as trapalhadas governistas nos últimos lances da sucessão. A polvorosa criada com a mudança de Mendes de partido é ilógica. Mauro Mendes é um político de proveta, uma experiência de laboratório, e coitados dos que acreditam que aquela votação toda que ele conquistou no segundo turno das eleições municipais do ano passado, em Cuiabá, de fato lhe pertence. Não pertence, foi fruto das circunstâncias e da excessiva força da aliança governista que lhe bancou. Aliás, fosse Mauro Mendes mais afeito à lida política e certamente teria vencido as eleições do fraco Wilson Santos (fraco porque precisou de dois turnos para vencer as duas eleições. Roberto França foi eleito e reeleito no primeiro turno, para citar apenas um exemplo de quem jogou na mesma posição).

Logo, o rebuliço (ou imbróglio, para usar uma expressão que os políticos menos cultos adoram por a achar uma expressão chic) é igualmente fantasioso. Algo próximo da loucura, do tipo acreditar na própria mentira.

Essa alucinação dominou o mundo e desencadeou uma sucessão barbeiragens. A primeira do próprio Silval Barbosa e do seu “principal cabo eleitoral” Blairo Maggi, que passaram recibo público da desfiliação, alimentando as especulações de que o movimento de Mendes poderia ser fatal ao projeto palaciano. Foi uma cena absolutamente constrangedora para Silval e para Mendes a entrevista que deram ao ‘Resumo do Dia’ quando o transfuga foi se desculpar com o vice-governador: nenhum dos dois escondia o desconforto de estar ali se expondo para acalmar o que imaginavam ser o efeito bombástico da situação. Bomba mesmo só no anúncio da matéria pelo França. (Aliás, já está no tempo de Silval superar essa fase da auto-afirmação, que em política funciona como na psicologia: essa necessidade íntima do indivíduo de impor-se à aceitação do meio é vista como fraqueza ou insegurança).

Na sequência vieram os lances mais fantásticos, dignos do Bola Cheia e do Bola Murcha da rodada. Aliás, dois bolas murchas: Carlos Bezerra vem a público fazer críticas fora de contexto, de pauta e de propósito ao governador Blairo Maggi, como já dito, “o principal cabo eleitoral” do Silval. Os bastidores reagiram com incredulidade: afinal, Bezerra, experiente como é, reage a algo que o Paiaguás trama contra o projeto do seu PMDB, ou é só um espasmo de Bezerrismo mesmo?

E, finalmente, o lance mais genial da rodada: não se sabe se convocado para a missão ou agindo por iniciativa própria, o secretário da Casa Civil e de Comunicação entra em campo para apagar o incêndio e despeja gasolina azul e palha seca na fogueira. As críticas de Novacki a Carlos Bezerra, além de grosseiras e desrespeitosas à biografia do seu antípoda, comprovam definitivamente que ele está no lugar errado fazendo as coisas erradas, como era de se esperar ao se colocar um zagueiro na função de um centro-avante: pode até fazer um golzinho, mas vai dar tanta canelada que comprometerá o time e o espetáculo.

É verdade ou no mínimo muito provável que Bezerra atrapalha Silval Barbosa - como disse Novacki à imprensa - ao agir como tem agido, sobretudo insistindo em criticar um governo que é o fundamento à priori da candidatura do correligionário. Silval só tem alguma chance eleitoral como candidato do governo, de quem tenta ser o alterego, porque no campo da oposição os nomes são Wilson Santos ou Jaime Campos.

E não é menos verdade ou menos provável que Novacki atrapalha Blairo Maggi ao agir como um símio numa loja de cristais, desrespeitando aliados (ou não) importantes do governo como nesse caso do Carlos Bezerra e num outro recente envolvendo o senador Jaime Campos. Ao agir como Ajudante de Ordens ou jagunço numa função que exige diplomacia e cortesia, Novacki quebra não apenas cristais, mas uma das prerrogativas fundamentais do seu cargo (Casa Civil), que é a cordialidade e a liturgia do poder. As trapalhadas são tantas que deve-se considerar se o interesse de ambos (Bezerra e Novacki) não seria o mesmo, embora com motivações diferentes: implodir o projeto Silval.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br.





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