DEM é quem mais perde; 2 secretários entram nas "baixas"
O DEM dos irmãos Júlio e Jayme Campos foi uma das legendas que mais perderam quadros importantes na última semana que marcou prazo final de mudanças partidárias àqueles que pretendem disputar cargos eletivos em 2010. Deixam o partido dois secretários de Estado, um ex-prefeito, um ex-vice-prefeito e o deputado estadual Wallace Guimarães. Por outro lado, o Democratas só conseguiu atrair a deputada Chica Nunes (ex-PSDB). Essa debandada enfraqueceu a lista de pré-candidatos proporcionais.
Os secretários Neldo Egon, do Desenvolvimento Rural, e José Aparecido, o Cidinho, de Projetos Estratégicos, migraram para o PR do governador Blairo Maggi. Ambos vão concorrer a deputado estadual. Neldo é de Canarana e já tentou, sem êxito, vaga na AL no pleito de 2006. Cidinho foi prefeito de três mandatos de Nova Marilândia e presidiu a Associação Mato-Grossense dos Municípios por duas vezes. Outro que abandonou o Democratas foi o ex-prefeito de Matupá Walter Miotto, que aderiu ao PP para ser candidato a estadual. O ex-vice-prefeito de Lucas do Rio Verde, Oswaldo Martinello, também se desfiliou do partido dos Campos e se juntou aos republicanos de olho numa cadeira na Assembleia.
Esses ex-democratas argumentam que o partido não abre oportunidade para surgimento de novas lideranças. Lembram que desde 1987, quando surgiu o PFL, o grupo manobra de todas as formas para prestigiar os irmãos Júlio e Jayme e Jonas Pinheiro (já falecido), que foi deputado federal por três mandatos e senador por duas vezes. Homero Pereira e Humberto Bosaipo são mencionados como exemplos de boicotes internos no velho PFL. Eles só conseguiram avançar na vida pública quando foram para outros partidos.
Uma das vozes do agronegócio e então presidente da Federação da Agricultura do Estado (Famato), Homero tentou concorrer a deputado federal pelo DEM, mas foi barrado na época por Jonas, que priorizou a esposa Celcita Pinheiro. Esta se elegeu federal em 2002 e amargou derrota à reeleição em 2006. A eleição de Homero, inclusive com a segunda maior votação em 2006 - teve 100.114 votos e ficou atrás apenas do petista Carlos Abicalil, que atingiu a 128.851 votos -, só foi possível por outra legenda, o PPS. Hoje ele está no PR e busca novo mandato. Mesmo ligado aos Campos, Bosaipo só chegou à presidência da Assembleia depois de deixar o PFL.
Alguns ocupantes de cargos eletivos do DEM, como prefeitos e vereadores, reclamam do que classificam de distanciamento da cúpula. Quem mais fazia essa interlocução era o ex-senador Jonas. Com sua morte, militantes do interior perderam o contato com a direção regional. Os filiados que foram derrotados nos últimos pleitos criticam o comando estadual, hoje sob Oscar Ribeiro, por não priorizá-los, preferindo se concentrar em Várzea Grande para tentar eleger Júlio Campos prefeito, ao ponto de atropelar o processo interno, minar a pré-candidatura do deputado Wallace Guimarães e, por fim, sofrer derrota nas urnas. Já os que foram eleitos e/ou reeleitos argumentam que obtiveram êxito por méritos próprios.
O DEM se movimenta para montar chapa para deputado estadual e federal e mantém o nome de Jayme Campos como opção para governador. Apesar disso, já existe um pré-acordo do partido para apoiar o prefeito tucano Wilson Santos na corrida ao Paiaguás. Nessa aliança PSDB-DEM, o democratas indicariam um nome para vice. Na proporcional, de novo a cúpula vai priorizar um dos Campos, desta vez Júlio, que será candidato à Câmara Federal, cargo que já ocupou na década passada.
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