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Cidades/Geral
Sábado - 03 de Outubro de 2009 às 01:20
Por: Raquel Ferreira

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Cento e vinte e três índios xavantes morreram este ano por problemas de saúde e as lideranças indígenas acusam a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) pela falta de atendimento médico nas aldeias de Mato Grosso. Entre as causas da morte está a gripe suína que matou um índio na região de Barra do Garças (509 km a leste de Cuiabá). Outros 10 xavantes foram internados com sintomas da doença e os índios cobram providências para que o vírus da Influenza A (H1N1) não se alastre nas aldeias.

A maioria das mortes é relacionada a crianças com menos de 4 anos que foram a óbito por desnutrição e desidratação, principalmente nas aldeias de Campinápolis, General Carneiro, Barra do Garças e Novo São Joaquim. O administrador executivo regional Edson Beiriz, da Fundação Nacional do Índio (Funai), destaca que os xavantes estão abandonados pela Funasa, sem medicamentos, vivendo a mercê da sorte. Ele explica que em Mato Grosso existem 179 aldeias da etnia, distribuídas em 9 áreas distintas, com uma população de 19 mil nativos. "A situação dos índios é extremamente delicada e fica ainda mais grave com a entrada do vírus (gripe suína) nas aldeias".

O cacique Aniceto Tsudzawere, da aldeia Nossa Senhora do Guadalupe, em Barra do Garças, afirma que os índios são enganados pela Funasa, que manda poucos medicamentos para as aldeias. "As prateleiras ficam vazias, não temos remédios para febre, para disenteria nem para hidratação".

Aniceto reclama ainda da falta de estrutura da Funasa para transporte dos índios doentes, que precisam buscar atendimento médico a pé ou de bicicleta. Outro ponto precário é o atendimento médico dentro das aldeias. "Eles mandam os médicos, mas eles não levam os remédios. Depois fazem relatórios falando que está tudo bem".

Além dos problemas já comuns entre os xavantes, o cacique Edmundo Dzuaiwi Omori destaca que a principal preocupação neste momento é a prevenção contra a gripe suína. Ele destaca que a doença pode provocar um genocídio, dizimando todo um povo. "Sabemos que a doença chegou na aldeia, mas não sabemos como isso aconteceu. Queremos cuidados e atenção na parte educativa e na prevenção, por meio de palestras para evitar que mais pessoas fiquem doentes".

A situação dos Xavante foi discutida pelo Ministério Público Federal, Secretaria de Estado de Saúde, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Funasa. A reunião ocorreu na manhã de ontem no MPF. Dzuaiwi garantiu que os xavantes não querem briga, não querem agredir ninguém. Desejam apenas receber atenção para que a gripe suína não mate ainda mais nativos. Ele destaca ainda que é preciso chamar atenção para as condições precárias que os índios vivem, sem acesso até mesmo a água potável. "É triste, é doído para nós termos que viver essa situação".

Outro lado - O coordenador regional da Funasa em Mato Grosso, Marco Antônio Stangherlin, afirma que a assistência é prestada aos xavantes, mas por uma questão de logística existe uma dificuldade em atender as mais de 200 aldeias que competem a Fundação. Ele explica que muitas regiões têm estradas precárias e de difícil acesso, além da quantidade de veículos que estragam devido ao uso impróprio por parte dos próprios índios. Este ano, a Funasa recolheu 14 veículos sem condições de tráfego. Marco Antônio lembra que 4 caminhonetes foram tomadas pelos xavantes. As agressões são outro empecilho para atendimento dos xavantes, pois as equipes ficam receosas de entrar na aldeia.

Quanto aos remédios, o coordenador explica que existem 4 fontes de fornecimento, porém os nativos querem que seja feito estoque de medicamentos nas aldeias, o que não ocorre. Ele defende que nenhum remédio pode ser administrado sem prescrição médica. Em relação a gripe suína, Marco Antônio afirma que a Funasa tem ensinado sobre prevenção.





Fonte: A Gazeta

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