Suplicy interrompe discurso para falar de crise e irrita Sarney
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), subiu à tribuna do Plenário nesta segunda-feira para homenagear o centenário da morte do escritor Euclides da Cunha, mas foi interrompido pelo senador petista Eduardo Suplicy (PT-SP) para falar sobre a crise que assola a Casa desde o início do ano. A fala do senador irritou o presidente, que o chamou de "indelicado" por ter interrompido sua homenagem ao escritor.
Por durante 40 minutos, Sarney falou sobre literatura, até o momento em que Suplicy pediu a palavra para dizer que, na sua visão, a crise não havia acabado porque as denúncias ainda não tinham sido plenamente esclarecidas.
Suplicy lamentou o fato de o Conselho de Ética ter arquivado todas as ações contra Sarney e disse que isso não acaba com a crise. "Essa não é a solução que o Brasil espera e precisa. A situação do Senado não está tranquila, não está resolvida", disse Suplicy. "As pessoas desejam explicações, as dúvidas das representações precisam ser dirimidas. Eu mesmo ouvi suas explicações e fiquei com muitas dúvidas."
Além de ter mencionado a crise quando se falava em literatura, Suplicy usou um "aparte" no discurso de Sarney, quando o usual é o senador pedir a palavra e realizar um discurso seu, ao invés de interromper o do colega.
"Acho que vossa excelência não foi delicado comigo. Vossa excelência que é um homem tão educado", disse Sarney. "Nesse momento, podia bem proferir seu discurso que vinha pronto a fazer, mas feriu uma regra e acho que não é o estilo de vossa excelência."
Sarney afirmou que já foi a Plenário explicar as denúncias contra ele e se Suplicy desejasse, ele poderia explicar denúncia por denúncia, caso o senador petista ainda tenha alguma dúvida.
Denúncias
Desde que assumiu o comando do Senado, José Sarney é acusado de cometer uma série de irregularidades, que incluem responsabilidade na edição dos chamados atos secretos, desvio de recursos de um patrocínio feito pela Petrobras à fundação que leva seu nome, além da prática de tráfico de influência em favor do namorado de uma neta sua.
As 11 ações contra o peemedebista, protocoladas no Conselho de Ética, foram arquivadas. O senador nega as acusações.
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