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Politica Brasil
Quarta - 19 de Agosto de 2009 às 03:15
Por: Valdemir Roberto

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São mais de 30 anos de vida pública. Professor, deputado federal, vice-governador, secretário de Educação, Osvaldo Roberto Sobrinho integra a casta dos políticos de Mato Grosso que já foi quase tudo. Depois de um tempo afastado das lides eleitorais, se dedicando mais a saúde e no exercício da fé, o político – tido como um dos mais experientes e vivaz na arte – enfrenta um dilema: aposentar-se da vida pública, recolhendo-se apenas a seus empreendimentos empresariais ou disputar mais um cargo eletivo. A resposta para essa decisão sai em poucos dias: precisamente, do anúncio de Luís Antônio Pagot, atual diretor-presidente do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT).

Há muitos anos firmado no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), fidelidade que o ajudou sobremaneira na longevidade política, Sobrinho é o segundo suplente do senador Jayme Campos (DEM). O senador democrata anunciou na semana passada que encaminhou pedido de licença por 121 dias – sem remuneração, para cuidar de interesses particulares. Precisamente, da viabilização de sua candidatura ao Governo do Estado. A vaga então ficaria com Luís Antônio Pagot, com quem Jayme Campos guardava até então poucas relações amistosas.

Num encontro entre os dois no Senado, Campos comunicou Pagot de que estaria já tramitando o pedido de licença e quis saber do suplente sobre seu interesse em assumir a vaga. No primeiro momento, em função do DNIT, agradeceu a gentileza do titular da vaga. Mais tarde, no entanto, anunciou que ainda pensaria sobre o assunto. Pagot disse que pretendia discutir a questão com a ministra Dilma Rousself, da Casa Civil, e também com o governador Blairo Maggi. A decisão está para sair a qualquer momento.

“Estamos aguardando o desfecho, com muita tranqüilidade” – disse Sobrinho, que atualmente ocupa o cargo de secretário de Governo da Prefeitura de Cuiabá. Ele acredita, no entanto, que Pagot não deva assumir o lugar de Jayme. “Ele tem um comprometimento com o DNIT, com dezenas de obras que estão em andamento. Não creio que sairá do cargo” – explicou.

Sobrinho já foi vice de Jayme Campos. Atualmente, o PTB está com os dois pés dentro da Prefeitura. Além de secretário de Governo, o partido tem o vice-prefeito, Francisco Galindo, que estagia para assumir a Prefeitura no ano que vem, com o virtual desligamento de Wilson Santos do cargo para disputar o Governo de Mato Grosso. Campos, por sua vez, não esconde o desejo de voltar ao Governo. Mesmo se dizendo absolutamente a vontade, o político varzeagrandense vai reforçar a articulação do projeto com o afastamento do Senado.

Há duas maneiras de interpretar o gesto de Jayme Campos, do que simplesmente angariar tempo para construir o projeto político. O primeiro, um “cachimbo da paz” com o Partido da República, o que lhe permitiria ganhar força dentro da sigla republicana, atualmente apoiando, em parte, o nome de Silval Barbosa, do PMDB, para o Governo. O grupo de Pagot não comunga do apoio e defende candidatura própria, trabalhando o nome do juiz federal Julier Sebastião da Silva com “fato novo”. Silval a todo instante é alertado pelo governador Blairo Maggi e “cavar” espaço. Outra forma de ver o gesto de Jayme Campos é de trazer para mais perto de si o “velho PTB de guerra”.

Entre uma tese e outra, Sobrinho fica na expectativa. Assumir o Senado por 121 dias que seja permitirá ao político galvanizar mais uma etapa no seu concorrido cartel de cargos. Terminado o período, se acha em condições de voltar para casa, não disputando nem mesmo a candidatura ao próprio Senado Federal.

“Eu nunca disse que sou candidato. Na política não se pode oferecer” – ele ensina. “Tudo deve acontecer naturalmente”. Sobrinho destacou que seu nome como candidato ao Senado está indo bem obrigado. Como exemplo, cita o município de Sinop, onde dispõe de uma boa base política. Lá, Sobrinho chega a empatar com José Riva, do PP, presidente da Assembléia Legislativa, há anos em evidência eleitoral. Ao mesmo tempo, prega a renovação na política.

Em verdade, o velho petebista não consegue disfarçar que as urnas já não o atraem tanto como antes. Exímio articulador, prefere os bastidores. É dele, por exemplo, a aquietação política da administração do prefeito Wilson Santos. A chegada de Sobrinho no cargo fez com que o Governo municipal ganhasse estabilidade pelo equilíbrio e habilidade do veterano político na arte de dialogar e negociar. A saída de Sobrinho, m esmo que por 121 dias da Prefeitura, pode cerrar uma das pernas da mesa que sustenta a administração de Wilson Santos. Pode ser também a chave para se decifrar a licença de Jayme.





Fonte: 24 Horas News

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