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Politica Brasil
Terça - 18 de Agosto de 2009 às 14:56
Por: Antonio de Souza

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Os escândalos que marcam a complicada gestão do maranhense José Sarney (PMDB-AP), como presidente do Senado, já produzem seus reflexos em Mato Grosso. O Estado, em verdade, vem a ser um dos principais alvos dos (muitos) investimentos financeiros suspeitos da Família Sarney, conforme revela a edição desta terça-feira (18) da Folha de S. Paulo. Desta vez, a área escolhida é a da mineração.

Segundo o jornal, a principal fonte de recursos da Fundação José Sarney em 2007, a empresa KKW do Brasil, que representa uma "offshore" (firma no exterior) com sede em paraíso fiscal, recebeu do Governo Federal, em 2008, autorização para a prospecção de jazidas minerais. As licenças foram dadas por órgão do Ministério de Minas e Energia, pasta controlada por aliados do presidente do Senado.

O curioso, segundo a reportagem, é que, no cadastro da KKW na Receita Federal, a mineração não consta das atividades desenvolvidas pela empresa. Mesmo assim, ela recebeu 43 alvarás de pesquisa de bauxita e manganês no Estados de Mato Grosso, bem como Maranhão - este último, berço político da família Sarney. As licenças diz respeito a uma área de 72 mil hectares, equivalente a pelo menos 72 mil campos de futebol.

No último sábado (15), a Folha revelou que a KKW tem como sócio oculto o ex-senador Gilberto Miranda (do antigo PFL), de quem Sarney foi padrinho de casamento em 2007.

"Apesar de ter capital social de R$ 80 milhões, a empresa não tem website nem sede própria. Seus telefones e endereços são os do escritório e da casa de Miranda, em São Paulo", diz a reportagem de Hudson Correa.

Segundo o jornal, o ex-senador não foi localizado ontem para comentar as licenças obtidas do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), vinculado ao ministério. Na sexta-feira (14), depois de negar, ele admitiu ter ligação com a KKW. Disse já ter sido dono da empresa que, hoje, segundo ele, está em nome de suas filhas.

Conforme levantamento do jornal, no papel, as cotas da KKW pertencem a duas "offshores", artifício que garantiu até aqui o anonimato dos reais proprietários. A primeira tem como endereço um prédio comercial em Londres. A segunda é uma empresa de papel, cujo endereço é uma caixa postal nas Ilhas Virgens Britânicas, território considerado internacionalmente como paraíso fiscal.

A empresa obteve alvarás para pesquisar bauxita e manganês. A primeira, usada na produção de alumínio, é matéria-prima para a produção de manufaturados. Já o manganês é empregado na fabricação de aço e na produção de medicamentos e fertilizantes. O Brasil é grande exportador de ambos.

Procurado pela Folha, o DNPM afirmou não haver impedimento para concessão de alvará a empresa que não tenha sede e seja representante no Brasil de "offshores". O órgão diz ainda que os 43 alvarás concedidos à KKW pelo diretor-geral do órgão, Miguel Antonio Cedraz Nery, foram cedidos legalmente a outra empresa.

O jornal lembra Gilberto Miranda foi senador duas vezes sem nenhum voto (como suplente). Mantém atuação nos bastidores. Em 2007, trabalhou para evitar a cassação do então presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem é amigo. Hoje, atua para manter Sarney no cargo.





Fonte: Midia News

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