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Politica Brasil
Sexta - 14 de Agosto de 2009 às 12:43
Por: Kleber Lima*

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Qual a consequência político-eleitoral desse novo escândalo do PAC em Cuiabá? Essa crise prejudica o projeto eleitoral do prefeito Wilson Santos? O PSDB vai acabar em Mato Grosso? Esse escândalo tem o dedo do grupo político do governador Blairo Maggi? E o Silval Barbosa, tem algo com isso ou vai explorar o fato a seu favor?

Essa é uma amostra das inúmeras perguntas que pululam nos bastidores políticos desde as prisões de empresários e servidores públicos por supostas fraudes nas licitações das obras do Programa de Aceleração do Crescimento em Cuiabá na última segunda.

Respondê-las definitivamente, agora, pode ser prematuro, porque a real extensão dessa crise pode ainda não ser conhecida. Todavia, pode-se dizer que a continuar mal gerenciada como foi até aqui, ela pode causar estragos ainda maiores que os já previstos para todas as partes.

Francisco Viana, um dos melhores consultores de comunicação do Brasil, a quem tive a honra de trazer a Cuiabá para ministrar um mídia-trainning para os jornalistas que assessoravam o Governo do Estado, em 2003, costuma dizer que no estágio de desenvolvimento e complexidade da sociedade contemporânea, “quando a comunicação não é parte da solução, fatalmente ela será parte do problema” da instituição, empresa ou governo.

O PAC Cuiabá já nasceu sob a égide da polêmica e da crise, em função das disputas políticas que sempre estiveram no seu entorno. Foi crise na definição do montante do investimento; crise nas licitações; crise na execução; crise na paternidade durante a última campanha eleitoral; e agora essa nova crise, retomando a discussão sobre a licitação.

Em todas essas crises – ou, de outra forma, em todos os estágios de uma mesma crise em evolução – todas as partes envolvidas se comunicaram muito mal. Governo Federal se comunicou mal entre si mesmo, entre si e o Governo do Estado, e ambos com as prefeituras.

Já os governos estadual e municipais precisam assumir integralmente sua parcela de responsabilidade, seja na contratação ou execução, e jogar com a máxima transparência com a população. Até dias atrás, como todos testemunhamos, havia uma briga surda entre a prefeitura de Cuiabá e o governo estado pela responsabilidade dos problemas gerados e, ao mesmo, de partenidade, pelos eventuais bônus existentes.

A população tem uma compreensão clara de que o PAC é um programa do Governo do Federal, que financia quase integralmente as obras; viabilizado, no caso de Cuiabá e Várzea Grande, pelo Governo do Estado; e executado pelas prefeituras. Foi o que mostrou pesquisa da KGM feita em Cuiabá em fevereiro. Um ingrediente básico para se entrar em crise com a opinião pública é descontentá-la e irritá-la. E nada a irrita mais que tentarem fazê-la de boba.

Voltando às perguntas lá de cima, não sei as respostas para a maioria delas. Se soubesse, ficaria milionário. Mas, creio que haverá sim um grande estrago para a imagem política e o projeto eleitoral do prefeito Wilson Santos e o PSDB. Se esse estrago provocará perda total ou parcial, no entanto, precisa-se de tempo para saber. Silval Barbosa vai explorar o fato? Certamente, ainda que não queira. Resta saber se saberá fazê-lo. Um erro na forma ou na dose pode ser fatal. E o PSDB vai acabar mesmo? Pode ser. Mas, acaba renascendo.

Quanto à interferência de Blairo Maggi e Silval Barbosa, a mim me parece mais uma briga de empresas de grande porte por um orçamento altamente relevante de mais de R$ 400 milhões, em que pese os corolários políticos e partidários.

A esse propósito, as empresas também precisam entender que tudo aquilo que diz respeito ao público, como obras da monta e da natureza das contidas no PAC, precisam ser tratadas com mais transparência. Esse é um valor novo dessa nova e complexa sociedade globalizada. Não basta possuir expertise e know-how na sua área de atuação. É preciso interagir de forma proativa com os diversos públicos com os quais se relaciona. Uma imagem institucional forte pode evitar crises ou atenuar seus efeitos quando elas são inevitáveis. Como no caso presente.

(*) KLEBER LIMA é jornalista e consultor de marketing em Mato Grosso. /e-mail: kleberlima@terra.com.br.





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