Petista Serys não assina manifesto pela saída de Sarney
A mato-grossense Serys Marli tem feito esforço tremendo para "segurar" na presidência do Senado o colega José Sarney (PMDB-AP), envolvido em vários escândalos. É acusado de cometer abuso de status de senador ao dar emprego e de beneficiar amigos e familiares, como o favorecimento de seu neto em contratos do governo, ter conta ilegal em um banco fora do país e de contribuir para a Fundação Sarney receber US$ 250 mil em dinheiro da companhia petrolífera estatal Petrobras. Além disso, cai sobre os ombros de Sarney a descoberta de atos secretos para esconder nomeações e outros privilégios, como auxílio-moradia de forma ilegal e de uma casa avaliada em R$ 4 milhões excluída do Imposto de Renda.
Serys integra a bancada do PT composta por 12 senadores. Destes, apenas dois (Eduardo Suplicy e Marina Silva) assinaram manifesto que pede a saída temporária do peemedebista do cargo. O documento conta com 41 assinaturas dos 81 senadores, o suficiente para forçar o Conselho de Ética a se manifestar no sentido de ao menos instaurar processo de investigação contra Sarney.
Ela é uma das petistas que não assinaram o manifesto. Nem parece aquela então deputada estadual combativa em Mato Grosso que liderou várias manifestações e ações na Justiça contra os governos Jayme Campos (91/94 e Dante de Oliveira (1995/2002). No poder central, a petista optou por seguir a linha "paz e amor" do presidente Lula. Quando questionada, costuma argumentar que segue a linha do partido e do Palácio do Planalto.
São por posições como essas que Serys, pré-candidata à reeleição, enfrenta desgaste político em Mato Grosso e contribui para manutenção no poder de figuras como José Sarney. No fundo, ela tem lá seus interesses. Ocupa hoje, por exemplo, o cargo de segunda vice-presidência da Mesa Diretora. Sarney é aliado do presidente Lula, que está interessado no apoio do PMDB para a provável candidatura da petista e ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff nas eleições de 2010.
Sem os 12 senadores do PT, Sarney teria uma margem frágil de 38 votos num eventual processo por quebra de decoro parlamentar, já que o número representa menos da metade dos 81 parlamentares. Além de Serys, outros dois petistas sustentam o desejo de que Sarney permaneça no cargo: a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (SC) e o sul-mato-grossense Delcídio Amaral.
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