Itamaraty confirma que Brasil terá meta contra aquecimento
O Brasil deverá apresentar números específicos de redução de emissões de gases poluentes durante a conferência do clima de Copenhague, em dezembro, confirmou ontem o Itamaraty. Serão "ações quantificadas", afirmou Sérgio Serra, embaixador extraordinário para a mudança do clima, durante reunião informal da Convenção do Clima das Nações Unidas que acontece em Bonn, Alemanha, até sexta-feira.
Ainda se discute como esse número será calculado. Mas, apresentando objetivos quantificados no âmbito da convenção o país poderá ser cobrado internacionalmente sobre as suas ações no combate ao aquecimento global e ao desmatamento na Amazônia.
A proposta representa uma mudança de posição do Brasil em relação à adoção de metas de redução pelas nações pobres. "Mas o número também servirá para colocar uma exigência maior aos países desenvolvidos, já que a meta tem potencial para ser maior que a soma de reduções de vários deles", disse Luiz Alberto Figueiredo Machado, negociador-chefe de clima do Brasil.
"Só espero que não seja um discurso vazio", disse João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace. "Não adianta nada chegar aqui com um plano bonito ao mesmo tempo em que se constroem estradas como a BR-319 na Amazônia, por exemplo."
Sobre as críticas que vêm sendo feitas ao país por não querer a inclusão, no mercado de carbono, do Redd (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), os diplomatas brasileiros em Bonn disseram que o financiamento para evitar o desmatamento viria de várias fontes --até do mercado de carbono.
Para Figueiredo, a rodada de discussões em Bonn evidenciou que falta avançar nas discussões do financiamento de ações de combate ao aquecimento global. "Hoje, não se diria que haverá um resultado ambicioso", disse Serra. O Secretariado da Convenção do Clima da ONU pede US$ 250 bilhões dos ricos para os países mais pobres. Mas os ricos querem financiar grande parte dessa quantia com dinheiro conseguido no mercado de capitais.
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