Prisões devem "enterrar" projeto de Santos a governador
As denúncias sobre irregularidades nos processos envolvendo obras do PAC em Cuiabá e agora as prisões do ex-presidente da Sanecap e procurador-geral do Município, José Antonio Rosa, da técnica e advogada Ana Virgínia, a Naná, que conduzia as licitações, e do ex-deputado e empreiteiro Carlos Avalone, do PSDB, começam a enterrar a pré-candidatura a governador do prefeito Wilson Santos. Esses episódios trazem desgaste político sem precedentes, principalmente por se tratar de um nome que já aparecia na liderança das pesquisas de intenção de voto e representa a principal voz de oposição ao grupo do governador Blairo Maggi (PR), a chamada turma da botina, que comanda o Estado desde janeiro de 2003.
Santos não assume publicamente, mas, nos bastidores, vem trabalhando o projeto majoritário para 2010. Visitou alguns municípios e montou até QG no seu próprio escritório, já se preparando para as eleições gerais. Agora com um de seus principais braços jurídicos e administrativos na cadeia, o tucano tende a repensar a pré-candidatura. Isso significa que Wilson Santos não deve mais renunciar ao mandato até abril do próximo ano para, de um lado buscar o Palácio Paiaguás e, de outro, abrir espaço para o vice Chico Galindo (PTB), secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, assumir o Palácio Alencastro.
O prefeito saiu em defesa de José Rosa, acusado de formação de quadrilha e de direcionar licitações das obras do PAC para contemplar empreiteiras. Não poderia agir diferente, embora saiba que o desgaste acaba sendo maior do que se o exonerasse de imediato, como fez o governador Maggi no primeiro mandato, diante da prisão do seu então secretário Moacir Pires, que conduzia a extinta Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema, hoje Sema).
Desde o início os processos licitatórios vêm causando dor de cabeça ao prefeito. Várias irregularidades foram apontadas, inclusive com intervenção do TCU, da CGU e da Caixa Econômica, assim como do Ministério das Cidades, que é quem autoriza a liberação dos recursos. Estão previstos para obras de saneamento em geral em Cuiabá, dentro do PAC, R$ 238 milhões. Mesmo com apontamento de sobrepeços, o prefeito sustentou os argumentos de que as falhas seriam de ordem técnica e, gradativamente, conseguiu eliminá-las. Não sabia que os passos de José Rosa, da comissão de licitação e de empreiteiros estavam sendo monitorados pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.
A gestão tucana na capital mato-grossense se tornou a primeira do país a registrar problemas tão graves com projetos do PAC que culminou em prisões. Isso será um problemão para o prefeito administrar, principalmente politicamente, se vier a concorrer à cadeira de governador. É cedo para "medir" a temperatura política, após essas 11 prisões que ocorreram nesta segunda (10), envolvendo políticos, empresários e advogados. Sabe-se, por outro lado, o "Efeito PAC" deve motivar muitas desistências de pré-candidaturas não só na majoritária, mas também na proporcional.
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