Caciques não desconfiam e resistem à ideia de aposentadoria
Líderes políticos que de tanto ocupar cargos eletivos e comandar partidos se transformaram em caciques parecem não desconfiar de que um dia precisam deixar a vida pública. Se houvesse essa conscientização, Estado como Mato Grosso poderia contar hoje com um quadro político renovado, com lideranças mais jovens e com novas ideias e ideais. Mesmo que consigam através do voto se manterem no poder, caciques sufocam e bloqueiam dentro de seus partidos nomes que poderiam emergir na vida pública. Carlos Bezerra, os irmãos Júlio e Jayme Campos, Serys Marly, Murilo Domingos, Oswaldo Sobrinho, Wellington Fagundes, José Riva e João Malheiros são exemplos de políticos que resistem à ideia de aposentadoria. Eles se acostumaram com as tetas do poder e querem cada vez mais.
Com 68 anos de idade, Bezerra já foi eleito três vezes prefeito de Rondonópolis, foi deputado estadual, governador, senador e exerce hoje o segundo mandato de deputado federal. Começou na vida pública como estadual, em 1975, portanto, há 34 anos. Quem pensa que Bezerra pretende se aposentar está enganado. Cacique regional do PMDB, ele já lançou sua pré-campanha à reeleição rumo a 2010. Outro que saiu mas já voltou à militância política e agora se esforça para reconquistar cargo eletivo é Júlio Campos, que foi prefeito de Várzea Grande, governador, deputado federal e senador. Articula pré-candidatura à Câmara Federal. O seu irmão Jayme Campos, ex-prefeito e ex-governador e hoje no Senado, também se movimenta, na expectativa de reconquistar o comando do Estado.
Na Assembleia, Riva (PP) não larga o poder. Exerce cargo de presidente da Mesa Diretora pela quarta vez e foi primeiro-secretário outras quatro vezes. No quinto mandato como deputado, ele se prepara para novo teste das urnas em 2010, desta vez para senador. Também na Assembeia, o veterano João Malheiros (PR), ex-vereador por Cuiabá e no segundo mandato de deputado, buscará a reeleição. Aos 68 anos, Murilo Domingos, ex-deputado federal e no segundo mandato de prefeito de Várzea Grande, admite concorrer a cargo eletivo no próximo ano, provavelmente de deputado federal. Ele é o mais velho dos 141 prefeitos mato-grossenses.
Oswaldo Sobrinho, que também já foi deputado, vice-governador, secretário de Estado e adjunto e exerceu outras funções públicas, é pré-candidato a senador pelo PTB. Mesmo com idade avançada, ele se mostra um exímio articulador político. Atua hoje como secretário de Governo do prefeito cuiabano Wilson Santos (PSDB), de quem é primo. A petista Serys Marly, ex-deputada estadual por três mandatos, ex-secretária de Estado e hoje senadora, não querer parar por aí. Ela já começou a percorrer o Estado na esperança de reeleição nas urnas do próximo ano. Wellington Fagundes está no quinto mandato de deputado federal e agora também sonha com vaga de senador pelo PR.
Como esses caciques políticos não têm o "desconfiômetro" de quando devem parar, acabam entrando num processo de desgaste, principalmente quando se envolvem em escândalos. Que diga o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), acuado por causa dos rolos de nepotismo, de conta no exterior, de desvio de dinheiro público e de tráfico de influência.
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