Pré-candidatos do PSDB ameaçam “rebelião” eleitoral
Os principais nomes a pré-candidatos a deputado estadual pelo Partido da Social-Democracia Brasileira, PSDB, em Mato Grosso emitiram a direção do partido um alerta: querem a expulsão da deputada estadual Chica Nunes. Do contrário, ameaçaram realizar uma rebelião. “Ninguém vai se candidatar a deputado para dar legenda para ela. Não querem correr o risco de trabalhar para ajudar a elegê-la” – disse uma alta fonte da sigla tucana. Ou seja: o PSDB corre o risco de não ter candidato a deputado estadual. A deputada é acusada de vários crimes políticos e eleitorais e seu processo de expulsão tramita a passos cômodos dentro da Comissão de Ética.
Na lista dos possíveis candidatos a deputado estadual pelo PSDB que já subscreveram informalmente a ameaça estão o ex-deputado estadual Carlos Nascimento, o Carlão, atual secretário de Educação; o ex-secretário Estadual de Indústria e Comércio do Governo, Carlos Avalone, e o ex-vereador Permínio Pinto. A articulação contra legenda para Chica Nunes figuram ainda o nome de Edivá Pereira Alves, vereador e atual secretário Municipal de Transportes Urbanos (SMTU). “Essa lista tende a crescer mais porque dentro do partido ninguém concorda com a exposição negativa dada ao partido por Chica Nunes” – disse.
Todos consideram a presença da parlamentar nos quadros do partido como uma fonte considerável de desgaste. A deputada há tempos se sustenta no cargo por força de uma liminar expedida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela perdeu seu diploma por condenação em caso de compra de votos, ocorrido em bairro da periferia de Cuiabá. Fora isso, a parlamentar responde a processo por desvios na época em que era presidente da Câmara Municipal. Ela foi denunciada em “rombo” na ordem de R$ 6,6 milhões. Com ela, foi denunciado também o esposo Marcelo de Oliveira, atual prefeito de Barão de Melgaço, que também chegou a ser cassado por compra de votos. Marcelo é filiado ao Partido Progressista.
O relator de processo de expulsão da deputada, proposto pela Juventude Tucana, é o advogado José Victor Gargaglione. Ele informou que nos próximos dez dias a deputada ficou de apresentar defesa. O caminho é longo. Após a defesa, a Comissão deverá decidir sobre a necessidade de novas instruções, como a realização de sessões para ouvir eventuais testemunhas a serem arroladas pela deputada.
O assunto Chica Nunes dentro do PSDB é tratado como uma espécie de tabu. Ninguém se arrisca a manifestar palpite sobre o comportamento ético da deputada. As manifestações sobre o assunto são tratadas de forma velada. Como relator, Gargaglione já disse que o julgamento da deputada terá caráter político. Além das acusações políticas, Chica Nunes teria praticado ato de infidelidade partidária ao fazer “dobradinha” política com o deputado federal Pedro Henry, do Partido Progressista, em suas bases eleitorais.
De sua parte, Chica Nunes garantiu que não deixará o PSDB – a menos que seja expulsa. É um gesto que determina a disposição de “não passar recibo” sobre as acusações que lhes são imputadas. A parlamentar, nas intervenções que realizou sobre o assunto, tratou as críticas e acusações com certo desdém. Ela considera que seu nome “vende muito jornal”.
Nos bastidores, no entanto, a parlamentar age. De forma velada, ameaça o vereador Deucimar Silva (PP), presidente da Câmara Municipal, com pedido de investigação sobre empresas de sua família. Ela encaminhou requerimento solicitando informações sobre os contratos firmados pela empresa Luppa Administradora de Serviços Ltda com órgãos do Governo de Mato Grosso. a empresa tem como sócias proprietárias Flávia Mesquita Gonçalves, esposa de Deucimar, e Marina Caparelli. Deucimar tem feito ataques a deputada ao “colar” a imagem dela com a do vereador Lutero Ponce de Arruda (PMDB), ex-presidente do Legislativo, acusado de desviar mais de R$ 7 milhões.
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