Mesmo com 2 vagas, disputa ao Senado é uma incógnita
Nem mesmo a abertura de dois terços das vagas para senador, em jogo nas eleições gerais de 2010, tem motivado pré-candidaturas. Até agora, se arriscam a propagar que estão no páreo somente o presidente da Assembleia, deputado José Riva (PP), o procurador da República Pedro Taques (sem partido), os já senadores Serys Marly (PT) e Gilberto Goellner (DEM), e o deputado Wellington Fagundes (PR).
No fundo, todos temem a chamada surpresa das urnas porque cada eleitor tem direito a votar duas vezes para senador. De um lado, os pré-candidatos se mostram apreensivos mas, ao mesmo tempo, animados devido ao que chamam de "dupla chance". A complexidade se constata mais na hora do segundo voto. Exemplo de derrotas inesperadas não faltam. Não foi à-toa que o governador Blairo Maggi já "jogou a toalha", mesmo que não admita publicamente. Ele percebeu que nem sempre aprovação popular da administração resulta em carimbo de passaporte para o Congresso Nacional.
Por coincidência, ex-governadores que encararam de imediato corrida ao Senado foram reprovados nas urnas, como Garcia Neto, em 82; Bezerra, em 90; e Dante, em 2002.
Desde a década de 1980, as eleições para a senatória com abertura de duas cadeiras concomitantes têm levado "para o buraco" muitos líderes políticos tidos como imbatíveis, inclusive três ex-governadores: Garcia Neto, Carlos Bezerra e Dante de Oliveira.
No pleito de 1986, o então senador "biônico" Gastão Muller (já falecido), nomeado pelo presidente Geisel, era candidato à reeleição. Bem articulado e com ligação estreita com o Palácio do Planalto, Gastão comemorava vitória antecipada. Nas reuniões, ele dizia que o terno para a nova posse já estava pronto e que os aliados peemedebistas deveriam se preocupar com a eleição de Carlos Bezerra, candidato a governador à época. Enquanto isso, Louremberg Nunes Rocha, da velha UDN, corria por fora. Por fim, a primeira vaga ficou com Márcio Lacerda e, a segunda, com Nunes Rocha. Gastão "dançou".
A eleição seguinte com duas cadeiras para senador veio ocorrer em 1994. De novo, deu zebra. Houve uma campanha forte, carregada de marketing, do "Vote nos três: Dante (governador), Antero de Barros e Carlos Bezerra (senador). Jonas Pinheiro concorria sem muito alarde e, por fim, garantiu a vaga, junto com Bezerra.
Em 2002, em mais um pleito de duas vagas reservadas para MT no Congresso Nacional, Dante, que havia renunciado ao mandato de governador com mais de 70% de aprovação popular, entrou com tudo na corrida ao Senado. Ex-prefeito de Cuiabá, ex-deputado federal e ex-ministro da Reforma Agrária, Dante era tido durante toda a campanha daquele pleito de 2002 como um "candidato já eleito". Com abertura e fechamento das urnas, veio a surpresa. A petista Serys Marly "abocanhou" a segunda cadeira, com Jonas em primeiro lugar. A derrota de Dante contrariou, inclusive, as pesquisas de intenção de voto. Agora o pleito de 2010 reserva duas vagas de senador, com vencimento dos mandatos de Serys e de Goellner, que virou titular com a morte de Jonas Pinheiro. O histórico tem mostrado a presença de "zebras" no caminho.
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