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Politica Brasil
Segunda - 27 de Julho de 2009 às 09:02
Por: *Ricarte de Freitas

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Não imaginei, quando comecei a escrever que havia um universo de pessoas que não apenas lêem, mas se dispõe a gastar um pouco do seu tempo escrevendo ao site, ao jornal onde leram o artigo, ou mesmo a mim, pessoalmente, para concordar ou discordar, às vezes até mesmo com veemência. Alguns, elegantemente, outros, nem tanto. E é isso que me dá a nítida sensação de que as coisas escritas são avaliadas e, às vezes, calam fundo nas pessoas. Sei que não é fácil encontrarmo-nos com situações colocadas à nossa frente e que nos lembrem coisas que não temos prazer nenhum em recordar e quando acontecem nos incomodam.

No último artigo, quando falei da sociedade brasileira de modo geral, tentaram me crucificar por eu mostrar exatamente como as coisas ocorrem neste país. Não foi, em momento algum, uma defesa ou um ataque a qualquer segmento ou instituição, mas apenas a constatação de como é muito mais fácil olharmos muito pra fora e muito pouco pra dentro de nós mesmos. Àqueles que entenderam ser defesa de algo ou alguém, ou até mesmo um ataque, solicito que releiam, com mais calma, sem deixar o fígado nortear a cadeia de raciocínio.

Feito esse comentário, quero me ater aos temperos da semana.

Se há uma pessoa controversa neste estado, chama-se Luiz Antonio Pagot. Pagot é como aquele bordão dos tempos da ditadura: ame-o ou deixe-o. Pagot é mais ou menos isso. Já ouvi pessoas dizerem que levaram um tempo enorme pra descobrir que ele gostava delas. Esse é o Pagot. O trator que passa por cima do que for preciso para ver as coisas acontecerem a seu modo. Não se pode, porém, negar a capacidade de trabalho e execução daquilo que se propõe a fazer. O próprio império Amaggi deve muito do seu sucesso ao trabalho desenvolvido por Pagot desde o início da sua caminhada. Ele trouxe consigo a fama do ‘’fazedor’’.

Quando veio para o governo de Mato grosso, convocado para o secretariado do governo que se instalava, Pagot assumiu a postura do feitor. Bateu, deu cotoveladas, chutes, caneladas, deu um chega pra lá em velhas igrejinhas que comandavam os negócios do estado. E, é claro, contrariou muita gente e muitos interesses. Era um novo tempo.

Delimitado seu território, mostrando que além de um novo governo, havia um novo chefe, começou a construir o seu planejamento. Logo, logo, já era o homem forte do governo. Dos consórcios rodoviários, que mudaram a perspectiva de escoamento de safra de Mato Grosso e o conseqüente aumento da produção, até a construção de casas populares em um volume jamais imaginado, imprimiu sua marca e tudo passava por sua mão de ferro. É claro que como missão delegada pelo chefe do executivo, embora, particularmente, eu acredite que muitas das decisões tomadas o governador nem as imaginasse.

Isso custou a ele um contingente enorme de, senão inimigos, adversários de peso. Nesta mesma semana, por exemplo, Jayme Campos, titular da cadeira de senador que Pagot é primeiro suplente, acusou-o, pela imprensa de, além de não ter contribuído na campanha eleitoral, puxando-a para baixo, que seu comportamento é como o de um macaco em uma loja de louças. Não é pouco, partindo de onde partiu. O senador Mário Couto, do PSDB do Pará, está usando seu mandato – que pena! – apenas pra defenestrar Pagot. Poderia utilizá-lo com outras coisas que julgasse também importantes. Mas, não. Quer a CPI do DNIT a qualquer preço, como se as irregularidades que ali viessem a ser apuradas tivessem tido início da gestão de Pagot como diretor-geral.

Conversei com Pagot na semana passada Em um jantar descontraído, repleto de iguarias e que não faziam parte do cardápio qualquer assunto político ou empresarial. Era um jantar na casa de um amigo comum, onde eu tive a oportunidade de tirar algumas dúvidas que passavam por minha cabeça.

Ao final da conversa saí convencido de que Pagot é mesmo esse trator que se acha capaz de dar solução pra tudo. Não que consiga, mas dá o melhor de si. E, no caso de Mato Grosso, está fazendo o que nunca foi feito, nem sequer imaginado, ou seja: a sua ida para a diretoria-geral do DNIT está resgatando uma dívida antiga do governo federal com o estado.

Senão, vejamos.

Pagot assumiu a diretoria geral do DNIT no início de outubro de 2007. Nessa época o trabalho do órgão em Mato Grosso resumia-se a implantação - asfaltamento de rodovias de terra - de 45 km no trecho entre Diamantino e Estação Parecis. Contratos e Manutenção de rodovia eram apenas quatro que totalizavam 500 km nas BRs-070, 364 e 163. Manutenção feita na base da carriola e aquela farofa betuminosa. Na área de implantação, havia apenas 50 equipamentos e outros 50 no resto do estado. E só. O resto era a promessa constante que isso iria melhorar e as coisas aconteceriam. Pura balela. Os que trafegavam pelas rodovias já não acreditavam que as coisas um dia mudassem.

Hoje a situação rodoviária é totalmente diferente. São 700 km de implantação nas BRs-364, 163, 158 e 242, com uma ponte de 300m sobre o rio papagaio na Br-364, sem contar a duplicação da serra de São Vicente, com 17 km em concreto.

Na área de travessias urbanas, que são as duplicações nas rodovias que cortam as cidades, o quadro hoje é totalmente diferente. Pra se ter uma idéia, só na BR-163 estão em obras a pleno vapor travessias urbanas nas cidades de Rondonópolis, Jaciara, Rosário Oeste, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Peixoto de Azevedo, Matupá e Guarantã do Norte.

Na BR-158, as travessias urbanas estão sendo feitas em Nova Xavantina, Confresa, Vila Rica e Porto Alegre do Norte.

Na área de manutenção são 22 contratos num novo programa: restauração – que é arrancar o asfalto velho e fazê-lo de novo, aproveitando o que for possível da base e sub base – e a conservação geral dessas rodovias. Oito contratos já estão assinados e em execução e mais 14 em fase de assinatura. Um programa para ser realizado em dois anos.

Pra se ter uma noção da magnitude disso tudo, basta imaginar que hoje existem, na área de rodovias, contratos assinados e em execução, para serem realizados neste ano de 2009 e no ano de 2010, no valor de R$2.400.000.000,00 (Isso mesmo: dois bilhões e quatrocentos milhões de reais). Sendo 800 milhões para a parte de manutenção e 1,6 bilhão na área de implantação. É dinheiro e volume de obras que Mato Grosso nunca viu.

Não posso deixar de registrar aqui que até o próximo mês de setembro, ainda segundo Pagot, estarão concluídos o projeto e a licença ambiental da duplicação da BR-163 no trecho de Rondonópolis ao Posto Gil. Quase 400 km, com a imediata publicação do processo licitatório, com previsão de início das obras para 2010.

Quem tem andado de carro pelo estado não tem como deixar de verificar a quantidade de obras em andamento e o número impressionante de máquinas rugindo e mudando a paisagem. Eu, que trafego no asfalto da BR-163 desde a sua inauguração em 1984, assisti, ao logo desses anos todos, a ela fazer parte do noticiário nacional como uma das piores do país. E o que vi nos três últimos meses foi algo que nunca havia acontecido: uma restauração geral até Santa Helena. Máquina e desvios que só não nos irritam por presenciarmos ‘’in loco’’ que a solução está próxima de chegar.

Se em outubro de 2007 eram apenas, como já disse, 100 equipamentos, hoje são 200 máquinas, apenas na BR-364. São mais 1.200 equipamentos operando em manutenção, desses 600 são caminhões e ainda mais 700 máquinas trabalhando na manutenção.

Há que reconhecer que Mato Grosso nunca foi contemplado com tamanho volume de obras e recursos. Ou seja, Pagot está pagando uma antiga dívida, ainda que muitos não queiram admitir. É sempre ruim e desconfortável reconhecer o sucesso, o resultado do trabalho de quem não é o aliado preferencial.

Ainda assim, existem problemas que precisam de solução urgente como a má conservação da BR-070 nas proximidades de Primavera do Leste e o contorno de Barra do Garças. Essa é outra dor de cabeça do diretor geral: há 4 anos o dinheiro do contorno está disponível. O projeto já foi mudado três vezes e não se conseguiu, ainda, iniciar a execução de tão importante obra.

Termino com a convicção de que, mais do que nunca, a experiência e a vivência de Ulisses Guimarães nos deixaram um legado que ainda levará muitos anos pra ser compreendido. Quando ele dizia que o tempo não perdoa o que se faz sem ele e nos ensinava, com humildade, que, além de senhor da razão, o tempo pode ser o grande aliado daqueles que não perderão nunca a esperança de dias melhores.

Quem poderia imaginar que a execução de tal trabalho viesse a ser realizada por um governo federal em que muito poucos acreditavam no seu início e- vejam só! - foi o governo que mais disponibilizou recursos e prestigiou as bancadas na Câmara e no Senado a viabilizarem obras em seus estados.

Obrigado, Pagot. Por enquanto.

*Ricarte de Freitas é advogado, ex parlamentar estadual e federal por Mato Grosso. ricartef@gmail.com





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