Amam vai acionar juíza que revelou salário de colegas
Associação dos Magistrados quer interpelar juíza que teria divulgado lista com salários milionários do Tribunal de Justiça do Estado
A diretoria da Associação Mato-grossense dos Magistrados (Amam) decidiu interpelar judicialmente a juíza Juanita Clait Duarte pela divulgação de valores milionários que juízes e desembargadores teriam recebido irregularmente. As informações fazem parte de um processo que tramita em segredo no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A decisão da diretoria se deu após alguns membros da Associação questionarem os valores citados na defesa da juíza encaminhada ao CNJ, além do fato de que as informações estarem protegidas pelo segredo de Justiça e, mesmo assim, têm sido divulgadas repetidamente em alguns sites em Mato Grosso.
Na defesa encaminhada ao CNJ, Juanita, que é do grupo do desembargador José Ferreira Leite e de juízes como Antônio Horácio da Silva Neto e Marcelo Souza de Barros, cita casos de desembargadores e servidores que teriam recebido R$ 1 milhão durante as duas últimas gestões. Entre 2003 e 2008 teriam sido pagos R$ 63,3 milhões em créditos salariais a juízes, desembargadores e servidores ligados a cúpula do Judiciário.
A divulgação das informações tem acirrado os ânimos e aumentado a divisão no Judiciário de Mato Grosso. Contra o grupo de Juanita, estão os desembargadores Paulo Lessa e Orlando Perri, ex-presidente e ex-corregedor-geral do TJ, ligados a atual diretoria da Amam. O fato levou alguns magistrados a pedir na semana passada que o presidente do Tribunal, Mariano Alonso Travassos, tome uma providência em relação à juíza. Para aumentar a crise, o CNJ iniciou na semana passada uma inédita correição no Judiciário do Estado.
A juíza Juanita Clait Duarte negou ontem que tenha sido a responsável pela divulgação das informações sigilosas. "Se vão interpelar, estão fazendo em relação à pessoa errada, até porque peticionei ao CNJ afirmando que o sigilo não estava sendo respeitado. Eu não sei como e quem divulgou isso, mas se pode ver que existe um interesse por trás". Em relação à veracidade dos valores, ela pondera ainda que os dados são oficiais.
Juanita alega também que a divulgação de informações sigilosas não ocorre pela primeira vez envolvendo o caso. "Já divulgaram a defesa de outros magistrados quando isso ainda estava no TJ, portanto, não sei como tiveram acesso a isso. Quem divulgou é que deve ser interpelado judicialmente para se explicar", rebateu.
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