Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Terça - 21 de Julho de 2009 às 15:40
Por: Edilson Almeida

    Imprimir


Uma das principais fechaduras para destravar o quadro eleitoral de Mato Grosso para 2010 tem duas chaves. O Partido da República está dividido entre apoiar o vice-governador Silval Barbosa, do PMDB, e o senador Jayme Campos, dos Democratas. Até aqui, a vantagem é de Silval Barbosa porque conta com a simpatia do governador Blairo Maggi. Porém, o peemedebista não está seguro na indicação, apesar de todos os esforços que vem realizando. Mais crítico e com a experiência de já ter sido governador do Estado, Jayme Campos se coloca em situação de “a cavalheiro”, flertando em negociações com o bloco de oposição. A definição, contudo, promete capítulos com desfechos imprevisíveis.

A demonstração mais inequívoca de que o PR se transformou numa Torre de Babel foi dada no final de semana. Começou com o deputado federal Wellington Fagundes. Em discurso na Câmara Municipal de Rondonópolis, durante o encontro dos prefeitos do Consórcio da Região Sul de Desenvolvimento Econômico, o parlamentar federal fez uma ampla defesa da candidatura do atual vice-governador Silval Barbosa. Fagundes defendeu a chamada política da reciprocidade em prol do nome de Silval .

“O PMDB, nas eleições passadas, foi solidário com nós, defendeu o nosso projeto e agora está na hora do PR ser solidário com o PMDB. É o mínimo que deve acontecer” - destacou o parlamentar.

Fagundes, por outro lado, avalia que a candidatura de Silval Barbosa vai representar a continuidade das ações da atual gestão. “Isso não deve parar e por isso que eu defendo o nome dele [Silval]”. Num tom de conciliação, o parlamentar federal, que tenta se viabilizar como candidato ao Senado Federal, disse que outras siglas que fazem parte do arco de alianças que elegeu Blairo Maggi em 2006 devem continuar juntas. “Acho que está na hora do entendimento, o Jayme [senador Jayme Campos], o Riva [José Riva, presidente da Assembleia Legislativa] e PT todos temos que sentar e disputar juntos”.

Enquanto Fagundes “ciceroneava” Silval no Sul do Estado, no mesmo dia, quase que na mesma hora, do outro lado de Mato Grosso, o deputado federal e vice-presidente estadual do PR, Homero Pereira, participava do Encontro Regional dos Democratas, em Colíder. E foi taxativo ao defender que o seu partido apoie a candidatura do senador Jayme Campos a governador ano que vem. Em seu discurso para militantes dos Democratas e lideranças políticas da região, Homero evitou mencionar a ligação de uma parcela do PR com Silval. Como não poderia deixar de ser, o senador Jayme Campos agradeceu a manifestação de apoio de Homero e disse que ele representa a "coerência" no Partido da República.

O discurso de Homero surpreendeu algumas lideranças políticas no Nortão pelo fato do governador Blairo Maggi já ter manifestado apoio ao vice-governador Silval Barbosa (PMDB) disputar o governo com apoio do PR. Homero defendeu que o PR não tenha candidato ao governo por ter recebido apoio, duas vezes, o apoio do DEM para a eleição de Blairo.

"Fico feliz com a manifestação do Homero reconhecendo que a contribuição dada pelo DEM para o governador Blairo Maggi foi decisiva em suas duas eleições. Se não fosse os Democratas, Blairo não teria dois mandatos", afirmou Jayme, ao cobrar a fatura. "Vejo que a decisão mais correta do PR seria nos apoiar. Se uma mão lava a outra, as duas lavam o rosto", acrescentou, com efeito.

Há ainda uma terceira corrente, menos ruidosa, mas que age com profundidade interna. É a chamada “Turma da Botina”, liderada pelo economista Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT). Em várias reuniões, Pagot tem apontado na direção da candidatura própria da sigla – o que estabelece para uma postura mais radical. Fora ele próprio, que já recuou uma vez do projeto, o partido tem como nome colocado o do deputado estadual Sérgio Ricardo, 1º Secretário da Mesa Diretora, que, por sua vez, decola rumo a buscar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado, e indica apoio a Jayme Campos.

A divisão entre apoiar Silval Barbosa ou Jayme Campos – e ainda ter candidato próprio, com menos ênfase - não chega a representar um “racha” entre os republicanos. Até porque o partido nunca foi homogêneo. A sigla mais se parece com o MDB dos tempos da ditadura militar, abrigando várias correntes, expostas com a redemocratização – ia de tribunos a guerrilheiros. Os tempos hoje são outros, mas a situação é idêntica. O partido oscila entre suprimir candidaturas na maior demonstração de condução de “mão de ferro” com letargia da acomodação. Por conta disso, fica a incógnita sobre quem e quando vai se definido o caminho.

A rigor, Silval leva vantagem porque conta com o apoio de Maggi. Ele também tem simpatia do Partido dos Trabalhadores, uma das organizações políticas-chave do processo eleitoral. E contra si o fato de não conseguir aglutinar a todos. Por exemplo, o PP de José Riva e Pedro Henry jamais sinalizou apoio ao seu nome. A força eleitoral dos progressistas é tratada como “tesouro” que não pode cair em mãos erradas.

O vice-governador não chega a travar uma disputa contra Jayme, abertamente. Inclusive, trabalhou pela reaproximação entre o senador democrata e o governador Maggi – praticamente rompidos, fato que ajudou a tirar o democrata da linha oposicionista; Jayme negociava várias posições com o PSDB de Wilson Santos. Porém, suas pretensões de chegar a condição de candidato pode parar exatamente na “leveza” de Campos e na astúcia política do senador democrata, capaz de colocar uma raposa no galinheiro.





Fonte: 24 Horas News

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/156916/visualizar/