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Politica Brasil
Sexta - 17 de Julho de 2009 às 08:12
Por: Téo Meneses

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Em relação à mulher de Lutero, os delegados fazendários confirmaram a informação divulgada por A Gazeta, no domingo, em que Ana Maria teria recebido de Lucineide da Silva Rodrigues pelo menos quatro notas fiscais para simular negociações da Câmara. As notas foram "emprestadas" pela empresária em nome da Bela Flor Decorações, que funciona em uma casa simples no bairro Jardim Ipê, em Várzea Grande, a quem foram emitidos cheques no valor de R$ 18 mil mesmo sem a realização de serviço.

O envolvimento da esposa de Lutero complicou a situação do vereador, já que esse é o primeiro indício que liga diretamente o parlamentar à corrupção na Câmara detectada através da operação Crepúsculo. Até o depoimento da empresária, o vereador era apontado apenas como o ordenador de despesas e responsável por nomear em cargos de indicação política os servidores contra os quais já existem provas robustas da ligação com fraude em licitações que superam R$ 7,5 milhões. Ana Maria, que atuava na Câmara como uma espécie de primeira-dama na gestão de Lutero, vai responder pelos crimes de formação de quadrilha ou bando e peculato, que, juntos, podem render uma pena de até 15 anos de reclusão.

Escritório - Durante entrevista coletiva, os delegados Maria Alice Amorim, Rogério Modelli, Lusia Machado e Vera Rotilde também informaram que o escritório do advogado e contador Marcos Davi de Andrade funcionava como uma espécie de "laboratório" para montar empresas de fachada de acordo com as licitações a serem fraudadas na Câmara e aliciar pessoas para o esquema.

No escritório localizado na rua Cursino do Amarante, número 190, em Cuiabá, foram encontrados documentos ligando pelo menos 12 empresas ao esquema. Duas delas foram montadas em nome dos motoboys que trabalhavam no local para Marcos Davi, ou seja, Jones Teixeira e Michel Padilha da Silva.

Ao ser interrogado pelos delegados Maria Alice Amorim, Wylton Massao e Rogério Modelli, Jones demonstrou não saber nem o objeto da empresa que estava em seu nome. Apesar de nunca ter adquirido um produto, a empresa de informática tinha 30 blocos de notas fiscais em branco na sede do escritório da empresa de Marcos Davi e participou de licitações envolvendo cerca de R$ 1 milhão. Estranhamente, Jones diz ter fornecido material de consumo aos vereadores, como café e suco.

No escritório de Marcos Davi funcionavam pelo menos 12 empresas que participaram de licitações envolvendo R$ 2.218.462,40 da Câmara. Isso foi detectado a partir das apreensões nas sedes das empresas. Veja quadro nesta página sobre a ligação das empresas com o chamado "laboratório"

Sombra - Os delegados fazendários também revelaram ontem o nome de Ítalo Griggi Filho como mais um ligado ao esquema. Conforme A Gazeta revelou, ele era o responsável por "escoltar"" empresários durante saques nas agências bancárias e garantir a devolução de grande parte do valor pago por meio dos processos licitatórios fraudados. Apesar de ter sido reconhecido por empresários que teriam entregue pessoalmente dinheiro a ele, Ítalo negou em depoimento qualquer relação com as fraudes.

Indiciamento - A coletiva da Delegacia Fazendária, setor da Polícia Civil que apura crimes contra o patrimônio público, serviu para anunciar o encerramento do inquérito oriundo da operação Crepúsculo. Os delegados admitem que ao todo foram indiciadas 19 pessoas. Sete delas são empresários que vão responder por fraude em licitação, já que não teriam maiores ligações com o núcleo ligado a Lutero e que é acusado de formação de quadrilha, falsidade ideológica, falsidade de documento particular, falsidade de documento público, peculato e fraude à licitação. Os empresários que não haviam sido indiciados na primeira fase da operação não tiveram os nomes divulgados. Com o fim das investigações, o inquérito será encaminhado hoje à Justiça, que cederá oportunidade ao Ministério Público Estadual (MPE) denunciar os envolvidos. A partir daí, poderá ser instaurado processo para julgar todos.

Outro lado - Lutero e sua esposa não foram encontrados ontem para comentar o assunto, assim como o advogado Paulo Taques, responsável pela defesa de ambos.





Fonte: A Gazeta

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